As palavras do último orador, no final da manifestação de professores no sábado em Lisboa, o secretário-geral da CGTP, Arménio Carlos, estão a provocar uma onda de polémica e indignação da esquerda à direita, passando mesmo pelo comentário do professor Marcelo Rebelo de Sousa.
Mas o que disse afinal Arménio Carlos? “Daqui a pouco vêm aí outra vez os três reis magos, um do Banco Central Europeu [Rasmus Rüffer], outra da Comissão Europeia [Jürgen Kröeger] e o mais escurinho, o do FMI [Abebe Selassie], e já se fala em mais medidas de austeridade”, afirmou o líder da CGTP.
Esta frase foi citada na edição de ontem do jornal Correio da Manhã e depressa se tornou viral nas redes sociais, com vozes da esquerda à direita a acusarem Arménio Carlos de racismo e xenofobia, e a qualificarem as suas declarações de inaceitáveis, graves e inqualificáveis.
No Facebook, destaca o Diário de Notícias (DN), entre outros, Daniel Oliveira, do Bloco de Esquerda, postou que “esta crise anda a fazer quase toda a gente perder o Norte e o Sul”. Já Rui Moreira, presidente da Associação Comercial do Porto, acrescentou que "se não fosse comunista, caia o 'Carmo e a Trindade'".
Mais tarde, no habitual comentário na TVI, Marcelo Rebelo de Sousa considerou não "haver necessidade” e que uma frase assim fica mal a qualquer pessoa, ainda mais a "um homem de esquerda".
Ao jornal i, o ex-ministro e antigo presidente da Câmara de Cascais, António Capucho, considera mesmo que o sindicalista “deveria apresentar as suas desculpas publicamente”.
Apesar das críticas, Arménio Carlos defende-se, também em declarações ao i, assegurando que “estava a fazer uma analogia entre a troika e os reis magos e toda a gente sabe que tanto num caso como noutro existem dois elementos brancos e um negro”, sublinhando que “isso não é racismo é um facto”.
“Mas há sempre quem se ocupe de arranjar problemas onde eles não existem, desviando as atenções do que realmente é importante”, considera o líder da CGTP, acrescentando que não está na sua “génese ter atitudes racistas ou xenófobas”.
E, “se por ventura alguém se sentiu incomodado, melindrado, (…), aproveito esta oportunidade para pedir desculpas”, declarou Arménio Carlos.