Indianos, ciganos, negros e mais preconceitos na sociedade portuguesa

Um sociólogo considera que a formação do governo português, com um primeiro-ministro de origem indiana, uma ministra negra e um secretário de Estado cigano, foi uma oportunidade perdida para se falar de inclusão, ao prevalecerem expressões ofensivas e discriminatórias.

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Lusa
29/12/2015 09:15 ‧ 29/12/2015 por Lusa

País

Sociólogo

O sociólogo Manuel Carlos Silva, professor da Universidade do Minho, considera uma exposição ofensiva, discriminatória e mesmo racista o destaque dado à etnia de alguns dos membros do novo governo, em jornais e setores da opinião pública, após o anúncio da composição do atual executivo.

Foram usadas expressões que "não fazem sentido, são ofensivas, discriminatórias e mesmo racistas, a maior parte das vezes por interiorização de narrativas ideológicas, quando, pelo contrário, tal iniciativa deveria ser objecto de elogio pelo esforço no sentido de não só reconhecer obviamente as capacidades de cidadãos/cidadãs negras e de outras minorias étnicas, para as funções que foram convidadas, como assinalar um pequeno, ainda que tímido, sinal pedagógico e político de abertura e reconhecimento das minorias étnicas", disse à Lusa Manuel Carlos Silva.

Doutorado pela Universidade de Amesterdão e catedrático em Sociologia na Universidade do Minho, Manuel Carlos Silva organizou, com José Manuel Sobral, o livro "Etnicidade, racismo e nacionalismo, migrações, minorias étnicas e contextos escolares", apresentado em dezembro em Lisboa.

Por essa altura, o Governo do Partido Socialista, apoiado por partidos à sua esquerda, tornava-se conhecido pela sua composição multiétnica, o que constituía uma novidade em relação a anteriores executivos.

"São etnias que devem ser também representadas politicamente nos diversos níveis de poder: desde as autarquias, passando por diversas associações cívicas, organizações e outras instituições intermédias, até ao Estado central. Portanto, tais comentários sobre um 'governo de negros e ciganos' denotam, além da ignorância preconceituosa, que há ainda um longo caminho a percorrer nas relações interétnicas, nomeadamente nas relações entre portugueses autóctones não ciganos e portugueses ciganos e, embora em menor medida, com imigrantes nomeadamente negros", defende o académico.

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