"Ensinar a religião não é tarefa do Estado". A frase é de Ricardo Alves, presidente da direção da Associação República e Laicidade, e surge num dia em que a religião e escola pública surgem ligadas.
Em causa está um artigo do Jornal de Notícias que realça que há cerimónias religiosas a decorrer em escolas públicas. Nalguns casos, professores, alunos e funcionários são todos convidados. E os alunos cujos pais não querem que participem nestas cerimónias, acabam por ser colocados de parte, com outras atividades.
Ao Notícias ao Minuto, Ricardo Alves é perentório quando fala de casos de que teve conhecimento: "Não é para isto que existe a escola pública", critica, acrescentando que se corre o risco de serem criadas "situações discriminatórias", em que em vez de ser fomentada a "inclusão", é a "divisão" que tem lugar.
Durante o dia, Jorge Ascensão, presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap), disse à agência Lusa que "não tem nada contra [esta situação], desde que ninguém seja prejudicado".
"Não há qualquer problema, desde que a comunidade esteja toda de acordo na sua realização e desde que não prejudique a atividade educativa, a principal função da escola", afirmou.
Ricardo Alves, porém, defende que "a escola pública não é um local em que as pessoas devam ser obrigadas a dizer a sua religião".
É também o "direito à privacidade" que é posto em causa, diz, pois esta é uma situação em que os pais de crianças podem ser obrigados a "assumirem-se sem querer" para evitar que os filhos participem em cerimónias religiosas.