Leith é natural de Damasco e partilha uma pequena tenda com a mulher, que está grávida, no porto de Pireu desde o final de fevereiro.
Ao contrário de muitos refugiados que chegam à Europa, Leith não quer ir para Alemanha e espera refazer a sua vida em Portugal, depois de escapar à guerra na Síria.
"Eu quero trabalhar, quero um emprego. Não quero viver de apoios do Estado português. Gosto de trabalhar. Eu não vim para a Europa para receber dinheiro de ninguém", explica, em declarações à agência Lusa em Pireu.
Inicialmente, Leith pensou em pedir asilo na Holanda, mas depois de conhecer membros da Coragem Disponível, uma associação portuguesa de apoio a imigrantes e refugiados, o sírio e a mulher passaram a ter um novo objetivo.
"A minha amiga Sandra falou-me de Portugal, que as pessoas são muito simpáticas, que é possível arranjar trabalho. Sei que é um bom lugar, onde não vivem muitas pessoas. E claro, é o país do Cristiano Ronaldo, e eu gosto dele", diz o sírio.
Sandra Coelho, da associação Coragem Disponível, diz que Leith foi apenas um dos muitos requerentes de asilo que pediram a sua ajuda, já que teve "cerca de 100 pessoas" a pedirem informação sobre o processo de recolocação em Portugal.
"Disse-lhes que Portugal é um país pequeno, seguro, com condições de vida normal, não são das melhores porque não somos um país rico, mas temos espaço. Não me pergunte como, mas eles vinham ter comigo", explica Sandra.
A voluntária esteve em Pireu cerca de duas semanas com outros três voluntários da Coragem Disponível e lamenta as "poucas condições de higiene" no campo onde vivem cerca de 5.000 pessoas.
"Tinham 30 balneários. Aquilo é um local de passagem, não está preparado para o que está a acontecer", refere.
Sandra Coelho comenta que há pouca informação para os refugiados que chegam à Grécia porque as regras de pedido de asilo mudaram desde o acordo entre a União Europeia e a Turquia.
"Acho que o acordo nunca devia ter sido feito com a Turquia porque a Turquia é um país miserável. Eles não são sérios, não estão a agir como deveriam estar, acho que o acordo devia ter sido feito com a Grécia", defende.
De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados, cerca de 179 mil refugiados chegaram à Grécia por mar em 2016 e 761 pessoas morreram na travessia ou encontram-se desaparecidas.