Um comboio espanhol ou português? Luto partilhado, dúvidas também

Pelo menos quatro pessoas morreram no descarrilamento de um comboio esta manhã em Espanha.

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Carolina Rico
09/09/2016 14:40 ‧ 09/09/2016 por Carolina Rico

País

Descarrilamento

Se era português ou espanhol, a dúvida persiste, com informações contraditórias. O que se sabe ao certo é que o comboio que descarrilou esta manhã transportava tanto espanhóis como portugueses de Vigo até ao Porto e que esta é uma tragédia chorada em ambos os países.

Pelo menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas – os números mais recentes apontam para 46. Poderá ainda haver uma quinta vítima mortal, encarcerada na composição.

O acidente aconteceu às 09h25 locais (08h25 em Lisboa) e entre os mortos confirmados pelas autoridades estão o maquinista, português, e o revisor, um cidadão espanhol, membros de uma tripulação com elementos de ambos os países.

Entre os mais de 60 passageiros seguiam, além de portugueses e espanhóis, italianos, coreanos, norte-americanos e latino-americanos.

A linha conhecida com o nome ‘Celta’ foi inaugurada em julho de 2013 e será gerida pela CP e pela RENFE (Red Nacional de Ferrocarriles Españoles).

O ministro do Planeamento e das Infraestruturas português garantiu, entretanto, que o comboio que descarrilou esta manhã pertence à espanhola RENFE e não à CP.

“A informação que tenho é de que se trata de um comboio da RENFE operado pela CP”, assegurou Pedro Marques aos jornalistas.

A RENFE diz precisamente o inverso, que o comboio pertencia à CP, numa ligação explorada em parceria com a congénere espanhola.

Já o presidente da CP, Manuel Queiró, indica que o “comboio é luso-espanhol, propriedade comum da CP e da espanhola RENFE, explorado conjuntamente pelos dois países, pelas duas empresas”.

Desfazer esta dúvida torna-se importante porque pode ter influência na questão dos seguros, atribuição de responsabilidades e eventual pagamento de indemnizações.

Este comboio fazia ligação entre a cidade espanhola de Vigo, de onde partiu às às 9h02 (hora local, 8h02 em Portugal) e o Porto. Faria paragens nas estações de Valença, Viana do Castelo e Nine antes de chegar à Estação da Campanhã, pelas 10h18.

O descarrilamento ocorreu ainda em território espanhol, junto à estação de O Porriño, em Pontevedra.

Desconhecem-se, por enquanto, o que terá estado na origem do acidente. Os passageiros garantem que o comboio circulava com alguma velocidade (o máximo seriam 80 km/h) e que travou bruscamente provocando a queda de malas.

A linha usada estava em obras perto da estação de O Porriño, pelo que o comboio teve de ser desviado para "uma linha secundária que obrigava a uma redução de velocidade". A linha estaria desimpedida e a zona do acidente não tinha má visibilidade.

O El País diz que as composições foram construídas entre 1981 e 1984 e renovadas em 2002. “Não era um comboio “muito antigo”, referiu a esse propósito o presidente da CP.

O ministro do Fomento de Espanha, Rafael Catalá, disse que o comboio fez uma "grande revisão em maio" e uma revisão de rotina na quinta-feira, no Porto.

Entretanto, o Tribunal Superior de justiça da Galiza adiantou que já estão a ser recolhidos dos dados da caixa negra do comboio.

Por sua vez, o tribunal de instrução número dois de O Porriño ficou com a investigação a cargo, e diversos responsáveis judiciais e peritos forenses já se deslocaram ao local do acidente.

O gabinete de investigação de acidentes ferroviários nacional e a Infraestruturas de Portugal também se colocaram à disposição das autoridades espanholas para colaborar na investigação.

Saliente-se que a Galiza celebra eleições a 25 de setembro mas vários líderes partidários regionais interromperam a campanha eleitoral por causa do acidente.

Nas redes sociais, líderes do PP, do PSOE, do Ciudadanos e do Podemos deixaram notas de pesar às vítimas.

Também o nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou o acidente, transmitindo profunda solidariedade às famílias das vítimas mortais.

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