Se era português ou espanhol, a dúvida persiste, com informações contraditórias. O que se sabe ao certo é que o comboio que descarrilou esta manhã transportava tanto espanhóis como portugueses de Vigo até ao Porto e que esta é uma tragédia chorada em ambos os países.
Pelo menos quatro pessoas morreram e dezenas ficaram feridas – os números mais recentes apontam para 46. Poderá ainda haver uma quinta vítima mortal, encarcerada na composição.
O acidente aconteceu às 09h25 locais (08h25 em Lisboa) e entre os mortos confirmados pelas autoridades estão o maquinista, português, e o revisor, um cidadão espanhol, membros de uma tripulação com elementos de ambos os países.
Entre os mais de 60 passageiros seguiam, além de portugueses e espanhóis, italianos, coreanos, norte-americanos e latino-americanos.
A linha conhecida com o nome ‘Celta’ foi inaugurada em julho de 2013 e será gerida pela CP e pela RENFE (Red Nacional de Ferrocarriles Españoles).
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas português garantiu, entretanto, que o comboio que descarrilou esta manhã pertence à espanhola RENFE e não à CP.
“A informação que tenho é de que se trata de um comboio da RENFE operado pela CP”, assegurou Pedro Marques aos jornalistas.
A RENFE diz precisamente o inverso, que o comboio pertencia à CP, numa ligação explorada em parceria com a congénere espanhola.
Já o presidente da CP, Manuel Queiró, indica que o “comboio é luso-espanhol, propriedade comum da CP e da espanhola RENFE, explorado conjuntamente pelos dois países, pelas duas empresas”.
Desfazer esta dúvida torna-se importante porque pode ter influência na questão dos seguros, atribuição de responsabilidades e eventual pagamento de indemnizações.
Este comboio fazia ligação entre a cidade espanhola de Vigo, de onde partiu às às 9h02 (hora local, 8h02 em Portugal) e o Porto. Faria paragens nas estações de Valença, Viana do Castelo e Nine antes de chegar à Estação da Campanhã, pelas 10h18.
O descarrilamento ocorreu ainda em território espanhol, junto à estação de O Porriño, em Pontevedra.
Desconhecem-se, por enquanto, o que terá estado na origem do acidente. Os passageiros garantem que o comboio circulava com alguma velocidade (o máximo seriam 80 km/h) e que travou bruscamente provocando a queda de malas.
A linha usada estava em obras perto da estação de O Porriño, pelo que o comboio teve de ser desviado para "uma linha secundária que obrigava a uma redução de velocidade". A linha estaria desimpedida e a zona do acidente não tinha má visibilidade.
O El País diz que as composições foram construídas entre 1981 e 1984 e renovadas em 2002. “Não era um comboio “muito antigo”, referiu a esse propósito o presidente da CP.
O ministro do Fomento de Espanha, Rafael Catalá, disse que o comboio fez uma "grande revisão em maio" e uma revisão de rotina na quinta-feira, no Porto.
Entretanto, o Tribunal Superior de justiça da Galiza adiantou que já estão a ser recolhidos dos dados da caixa negra do comboio.
Por sua vez, o tribunal de instrução número dois de O Porriño ficou com a investigação a cargo, e diversos responsáveis judiciais e peritos forenses já se deslocaram ao local do acidente.
O gabinete de investigação de acidentes ferroviários nacional e a Infraestruturas de Portugal também se colocaram à disposição das autoridades espanholas para colaborar na investigação.
Saliente-se que a Galiza celebra eleições a 25 de setembro mas vários líderes partidários regionais interromperam a campanha eleitoral por causa do acidente.
Nas redes sociais, líderes do PP, do PSOE, do Ciudadanos e do Podemos deixaram notas de pesar às vítimas.
Também o nosso Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, lamentou o acidente, transmitindo profunda solidariedade às famílias das vítimas mortais.