Lembra-se do casal que distribuiu água na A1? Hoje passa dificuldades

Tudo aconteceu no quente mês de agosto do verão passado.

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Patrícia Martins Carvalho
02/01/2017 10:10 ‧ 02/01/2017 por Patrícia Martins Carvalho

País

Estarreja

Estavam 40 graus e as chamas não davam tréguas aos bombeiros. A agressividade do incêndio obrigou mesmo ao corte da A1 junto a Albergaria-a-Velha, no distrito de Aveiro. Durante cinco horas, muitos viajantes ficaram retidos numa das principais autoestradas do país. Sem comida, sem bebida e sem sombras para suportar o calor abrasador, muitos temeram o pior. Mas foi então que surgiu um casal, depois batizado de casal-herói, que começou a distribuir garrafas de água por aqueles que sofriam ao calor.

Cinco meses depois, o casal-herói foi esquecido e a sua situação mudou radicalmente.

Uma reportagem da TVI revela que Lucinda Borges adoeceu gravemente e que o marido, Paulo Borges, está sem emprego. O Natal, esse foi “muito triste”, como disse o casal à TVI.

Paulo garantiu que “se fosse hoje, voltava a fazer o mesmo”. Porém, depois de pensar melhor, respondeu que “talvez não fizesse o mesmo”, pois, confessou, a família já não tem “fundos” para isso.

“Na altura calhou bem porque tinha recebido dinheiro de um trabalho que tinha feito. E foi tudo. Agora já não tenho nada”, lamentou o homem que criticou ainda quem pensa que uma ida à televisão “paga salários”.

Paulo Borges garantiu que desde que passou para as luzes da ribalta o “trabalho desapareceu”, pois as pessoas pensam que a “televisão enriquece uma pessoa”.

Além da falta de trabalho de Paulo, a família de Avanca, em Estarreja, enfrenta outro problema: Lucinda está gravemente doente.

Sobre este assunto, o casal não se alongou para não entrar em pormenores. A mulher de 34 anos lamentou a situação e, especialmente, o facto de este ter sido um “Natal triste”.

“Este ano nem um presente pudemos dar à nossa filha. Foi muito complicado”, disse emocionada, explicando que o dia de Natal da filha foi passado na casa de umas “pessoas amigas” que lhe deram “comida e presentes”.

De lágrimas nos olhos e voz embargada pela vontade de chorar, Lucinda lamentou: “Não podia dar nada à minha filha”.

Sem “vergonha”, esta mãe e esposa não teve receios em admitir que precisa de ajuda.

“Não tenho vergonha de dizer que agora quem precisa mesmo de uma ajuda sou eu”, disse, garantindo que “nem tudo se paga” e que, por isso, “às vezes basta um gesto, um sorriso ou um abraço”.

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