"É muito importante fazer sempre a pedagogia de que o elo de ligação a Portugal, que o domínio da língua, da história, da cultura de Portugal representa, não é alternativo à integração bem-sucedida nas sociedades de acolhimento, é complementar", sustentou hoje Augusto Santos Silva, intervindo na sessão de abertura do segundo encontro de professores do ensino português no estrangeiro.
O encontro decorrer sob o tema "Aprender e ensinar português em contexto multilingue", na sede da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Além disso, afirmou, "o bom domínio da língua portuguesa, da cultura e da história portuguesas" não se podem restringir apenas a uma "espécie de dever pessoal de ligação a um passado".
"Justifica-se também como um domínio de uma competência adicional que vale no mundo de hoje, do ponto de vista da comunicação, do emprego, económico, da realização pessoal e grupal", considerou o governante.
Na sua intervenção perante coordenadores, professores e leitores de língua e cultura portuguesa, Santos Silva destacou "três dimensões complementares" relacionadas com o português: a ligação aos emigrantes, através do ensino de português no estrangeiro (EPE), o "principal traço de identidade e de ligação" entre os países que o têm como língua oficial e como um dos principais instrumentos da influência de Portugal a nível internacional.
Quanto ao ensino do português, o ministro destacou a sua preocupação em "tranquilizar" as comunidades portuguesas.
"Não estamos a fazer progredir a presença do português como língua estrangeira nos currículos de diferentes países para substituir ou diminuir o ensino de português no estrangeiro ou o ensino do português como língua de herança. Estamos a fazer as duas coisas ao mesmo tempo", sublinhou.
Além disso, o português é "um dos três pilares essenciais" da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), disse, mencionando "o que circula através da língua: a cultura, a comunicação, a educação, a ciência, a economia, os negócios, a concertação política nas organizações internacionais".
Por fim, Santos Silva destacou que o português "é um dos elementos, talvez o mais importante, da projeção internacional" de Portugal.
"É o elemento que faz com que a nossa influência global seja desproporcionada, a nosso favor, face à nossa dimensão física, demográfica ou mesmo económica", acrescentou.
Na mesma sessão, a presidente do Camões -- Instituto da Cooperação e da Língua, Ana Paula Laborinho, enalteceu o papel de "cada professor, cada leitor, cada coordenador, cada adjunto de coordenação" como embaixadores da língua e cultura portuguesa.
A rede oficial de educação pré-escolar e ensinos básico e secundário contam com 312 professores em 11 países (Espanha, Andorra, França, Reino Unido, Luxemburgo, Bélgica, Holanda, Suíça, África do Sul, Namíbia e Suazilândia) e o Camões apoia mais 650 docentes nos Estados Unidos, Canadá, Venezuela e Austrália, abrangendo cerca de 70 mil alunos.
"Assistimos a um significativo aumento do interesse pela língua portuguesa em várias regiões do mundo", mencionou.
A rede do Camões no ensino superior e organizações internacionais encontra-se em 78 países, estando a crescer a sua presença em África (21 países), América Latina e América do Norte (12), Ásia e Oceânia (14) e Europa (31), reunindo mais de 90 mil estudantes.