Esta sexta-feira foi dia de debate do Estado da Nação e um dos temas mais quentes da discussão, que teve lugar na Assembleia da República, foi, como aliás já se esperava, o estado da Saúde em Portugal que tem, ao longo dos últimos meses, gerando muita polémica e muita troca de galhardetes entre Esquerda e Direita, entre Governo e sindicatos.
E como não podia deixar de ser, no seu habitual espaço de comentário político na SIC Notícias, Francisco Louçã comentou o debate e as conclusões que tirou da discussão sobre o Sistema Nacional de Saúde (SNS).
Para o fundador do Bloco de Esquerda, apesar de este debate não ter sido o mais importante deste Governo, o PSD e o CDS colocaram uma “máscara política” e estão a aproveitar-se da “fragilidade” do Governo em relação ao SNS, para que os portugueses esqueçam as medidas “agressivas” impostas no tempo da Troika”.
“A Direita concentra-se na tentativa de limpeza do seu passado e quer retirar a imagem da agressividade do tempo da Troika. E qual é o instrumento para fazer isso? É falar do Serviço Nacional de Saúde e das dificuldades que a população já está a sentir. Ao oferecer à Direita a vulnerabilidade do Serviço Nacional de Saúde como um argumento para tentar reconstruir alguma imagem social, alguma preocupação popular, o Governo está a cometer um erro estratégico”, considera o antigo líder do BE adianto que “o confronto entre o Ministério das Finanças e o Ministério da Saúde, que só se se agravou nos últimos anos”, está a criar uma tensão muito grande.
“O problema não são só as 35 horas, é que foram reduzidos os salários e os pagamentos aos profissionais de saúde em vez de se qualificar melhor o sistema, o que exige um esforço financeiro, e o Ministro das Finanças tem bloqueado esse sistema e tem criado um problema político ao Governo que eu não sei se o primeiro-ministro está a perceber. E esse é, precisamente, não só um trunfo que a Direita não merece porque desqualificou o Serviço Nacional de Saúde, mas que permite que agora coloquem uma espécie de máscara política”, explica Francisco Louçã, terminando o comentário sobre o SNS com o presságio complicado para o Governo socialista.
“Os incêndios este ano não vão ser nas florestas, vão ser na saúde e sobretudo nas urgências”, afirma Francisco Louçã.