"É uma vitoria que tem que ser respeitada, mas que nos deixa, enquanto democratas, muito tristes porque diz muita coisa sobre a fragilidade das democracias, que julgávamos estarem sólidas e conquistadas", disse Joana Mortágua, em declarações à agência Lusa.
A deputada bloquista lembrou a "vida inteira" de posições antidemocráticas de Jair Bolsonaro para sublinhar a apreensão "relativamente ao que poderá vir a ser uma degradação dos direitos democráticos no Brasil".
Por isso, sustentou, a "vigilância tem que ser total".
"As forças democráticas do Brasil têm de participar, não abdicar de participar de um regime que ainda é democrático. Não atirar a toalha ao chão, continuar a construir um futuro governo do campo democrático e continuar todos os dias a lutar contra as ideias" de Jair Bolsonaro, sustentou.
Joana Mortágua sublinhou, no mesmo sentido, a importância de um papel vigilante da comunidade internacional, particularmente de Portugal.
"Do ponto de vista da comunidade internacional essa vigilância também tem de ser efetiva, de todas as organizações e todos os países que têm relações com o Brasil, em particular Portugal. Partilhamos comunidades muito populosas e temos de estar naturalmente muito atentos", disse.
"A comunidade internacional não pode ser conivente com a degradação democrática ou com políticas que possam transformar em política de Estado toda a violência do discurso de Jair Bolsonaro", acrescentou.
O Brasil vai iniciar um "período de incerteza", considerou Joana Mortágua, adiantando que é preciso ter "esperança de que a maioria dos brasileiros que votou em Jair Bolsonaro, o tenha feito para rejeitar o PT e não por acreditar nas ideias" dele.
O candidato de extrema-direita Jair Bolsonaro (PSL) venceu hoje a segunda volta das eleições presidenciais brasileiras, registando 55,15% dos votos quando estavam 99,99% das secções de voto apuradas, sendo eleito Presidente da República Federativa do Brasil.
O candidato do Partido dos Trabalhadores, Fernando Haddad, conseguiu 44,85% dos votos.