"A única coisa que recomendo ao PSD é que pode tirar ilações políticas e juízos políticos, mas não devia iniciar um processo de perseguições. Isso acho que seria negativo para o partido", declarou Paulo Rangel aos jornalistas, à saída da reunião do Conselho Nacional do PSD, que começou cerca das 21:00 de terça-feira, num hotel de Lisboa.
O eurodeputado social-democrata reclamou estar "totalmente à vontade" nesta matéria, porque foi "para a rua fazer campanha" pelo PSD no concelho onde vota, Vila Nova de Gaia.
Questionado pelos jornalistas sobre a intervenção que fez perante o Conselho Nacional do PSD, que se seguiu à de José Pedro Aguiar-Branco, Paulo Rangel alegou não ter havido "polémica nenhuma especial" nem "nenhuma quezília" entre os dois.
Isto porque, alegadamente os ânimos ter-se-ão exaltado, e, segundo avança o Diário de Notícias, Rangel terá apelidado Aguiar-Branco de "soviético".
"A única coisa que eu disse, e continuo a dizer, é que eu acho que nós não devemos enveredar por uma atitude agora de caça às bruxas, mas não fui o único a dizê-lo, houve mais pessoas que o disseram, antes de mim, até", afirmou, numa alusão à ex-vice-presidente do PSD e actual ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz.
"O que se trata é de saber qual é a posição que se tem perante os candidatos que não eram candidatos em listas do partido, que estavam em listas independentes. Uns entendem que se deve ser um juízo político apenas, é o meu caso, outros entendem que se deve fazer disto um tribunal", acrescentou Paulo Rangel.
Interrogado sobre a crítica que, segundo fontes sociais-democratas, lhe foi dirigida por Aguiar-Branco por não ter participado na campanha de Luís Filipe Menezes no Porto, Paulo Rangel respondeu: "Eu estou totalmente à vontade. Eu fui para a rua fazer campanha. Não fui com todos os candidatos, que são 308, mas no concelho em que votei e em que voto fui. E até fui mandatário para um evento".
"Cada um sabe de si. Eu estou de consciência tranquila", reforçou.
Quanto ao resultado do PSD nas eleições autárquicas em termos nacionais, o eurodeputado considerou que o partido podia ter tido "um processo de selecção melhor", mas que a derrota é "natural" no contexto presente.
"É raro o Governo que, estando em funções durante quatro anos, não tem uma derrota nas autárquicas. E neste caso as circunstâncias são tais que até, apesar de tudo, eu acho que é perfeitamente natural. Não vejo nisso nenhum dramatismo", disse.
Os Estatutos do PSD estabelecem que "cessa a inscrição no partido dos militantes que se apresentem em qualquer ato eleitoral nacional, regional ou local em candidatura adversária da candidatura apresentada ou apoiada pelo PPD/PSD".