José Soeiro, presente na manhã desta quinta-feira, no protesto dos estivadores, considerou “indefensável” e “inacreditável” o que se passou no porto de Setúbal, com a chegada de um autocarro com trabalhadores para substituírem os que estão de greve desde o passado dia 5.
Trabalhadores esses que “ninguém sabe quem são”, “vindos sabe-se lá de onde” e com que “competências”, sublinhou o bloquista, frisando que este não é um caminho "viável" para fazer face à greve.
Para Soeiro, estamos perante uma “manobra com cumplicidade do Governo” e de "legalidade duvidosa", que visa “tentar quebrar a luta dos trabalhadores” que estão em greve. O bloquista aproveitou para reiterar o apoio do partido aos estivadores que se encontram numa situação de precariedade e que exigem um contrato coletivo de trabalho. “Trabalhar à jorna é coisa do passado”, enfatizou, numa manhã marcada por tensão entre manifestantes e a polícia.
Dezenas de estivadores que permaneciam sentados no chão a bloquear a passagem do autocarro, sob vigilância atenta da PSP, foram retirados, um a um, pelos elementos da polícia, depois de serem inicialmente afastados os que estavam em pé em protesto por um cordão policial.
Na quarta-feira, a Autoeuropa disse ter recebido garantias do Governo para a realização de um carregamento de automóveis esta quinta-feira. De acordo com a empresa, o planeamento do navio, que faz parte das escalas regulares para o porto de Emden, na Alemanha, "teve por base a garantia de uma solução para o embarque de veículos dada pelo Governo e pelo operador logístico".
Esta posição fez com que os trabalhadores eventuais do porto de Setúbal, em luta por um contrato coletivo de trabalho, agendassem uma concentração para esta quinta-feira, em protesto contra o carregamento deste navio com estivadores contratados para os substituírem.
Junto ao porto de Setúbal está montado, desde o início da manhã, um forte dispositivo policial com dezenas de elementos na Unidade Especial de Polícia e da brigada de intervenção rápida da PSP.