A operação policial que aconteceu na semana passada no Martim Moniz, em Lisboa, continua a ser tema de conversa, depois de imagens de pessoas, maioritariamente imigrantes, mostrarem que foram encostadas à parede e revistadas.
Questionado no seu espaço de comentário na CNN Portugal sobre se estas imagens fazer com que fosse sentida vergonha, o antigo líder do CDS-PP Francisco Rodrigues dos Santos disse: "Diria que sim. Em particular, peço que pede a todos os agentes políticos que sejam claros na abordagem a esta matéria".
"Não quero viver num país onde, dezenas e dezenas de pessoas, insuspeitas da prática de qualquer crime, sem qualquer indício criminal contra elas, sejam encostadas à parede com as mãos ao alto, a serem revistadas numa coreografia repressiva e musculada por parte da polícia, podendo estas ações preventivas, como foram apresentadas, ter sido realizadas noutros termos e outros moldes", considerou.
O antigo presidente centrista apontou ainda que não havia dúvidas de que "todos queríamos segurança" nas ruas, mas acrescentou que a situação se tornava grave quando essa ação "bélica" era perpetrada e dirigida "apenas contra uma classe de pessoas".
Rodrigues dos Santos afirmou ainda que toda a imagem de as pessoas encostadas à parede, a ser "humilhadas", invoca a memória histórica e coletiva "para um demónio de agressão simbólica que relata o pior da História do séc. XX".
"Cabe-nos a todos, da Esquerda à Direita, conseguir denunciar", sublinhou.
Para além desta questão, o comentador considerou ainda que havia uma "exibição despropositada da autoridade" neste caso, que teve "resultados patéticos". O antigo líder centrista teve ainda 'espaço' para falar da intervenção do Executivo neste caso, afirmando: "Começa a existir uma interferência do Governo na gestão da agenda da segurança pública, baseada em perceções falsas, para justificar uma deriva securitária com objetivos políticos".
Quando questionado sobre se estava a falar da agenda do Chega, Rodrigues dos Santos não hesitou: "da agenda do Chega, evidentemente. É óbvio que a AD já disse ao Chega não precisa de ganhar eleições para executar a sua agenda porque está cá a AD para o fazer. O pior é que está a criar um clima artificial e falso, que é desmentido pelos números".
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