João Miguel Tavares, presidente das Comemorações do Dia de Portugal em 2019, protagonizou um discurso na cerimónia do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, em Portalegre, que Marcelo Rebelo de Sousa classificou de "irreverente" e que teve eco nas redes sociais. Alfredo Barroso recorreu à sua página oficial de Facebook para reagir às palavras do jornalista, numa publicação que intitulou de "peripécias dum papagaio emplumado e chato em Portalegre".
Defende o ex-Secretário de Estado que "tem muita graça que Marcelo PR [Presidente da República] tenha escolhido como seu papagaio no '10 de Junho' um jornalista meão e entertainer medíocre chamado João Miguel Tavares".
"A fama deste", justifica, "começou quando se atirou com unhas e dentes contra o então PM [primeiro-ministro] José Sócrates e este cometeu o erro de o pôr em tribunal, onde JM [João Miguel] Tavares foi julgado, absolvido e laureado pela nossa Imprensa provinciana como se fosse um 'herói' da resistência ao fascismo".
Atira ainda o ex-deputado que "o garoto 'amarinhou' pelas paredes, eructando glória e peneiras por todos os orifícios do seu corpo, e aceitou de bom grado ser amestrado como o 'direitinha' de serviço nos jornais e televisões, tal como, 'in illo tempore', a pasta medicinal 'Couto' adestrou um 'pretinho' com maravilhosos dentes a prender uma cadeira e a andar à roda com ela sem a largar".
Ora, no que chama de "encenação perfeitamente patética do '10 de Junho'", Alfredo Barroso achou que "a criatura presidencial especializada em afectos e 'selfies' e o seu heróico papagaio só podiam lá ter ido parar empurrados pelo «vento soão/que enche o sono de pavores/faz febre, esfarela os ossos/dói nos peitos sufocados/ e atira aos desesperados/a corda com que se enforcam/na trave de algum desvão /...» - como descreve José Régio na sua admirável 'Toada de Portalegre'".
Defende também o socialista que "o mais curioso, porém, é que JM Tavares, que vive há muito 'embebido' ('embebed') na promiscuidade entre jornalistas e políticos - que já vem de muito longe, como denunciou Balzac, em 1843, na sua divertida e cruel 'Monographie de la Presse parisienne' - resolveu dar um salto cá para fora, a convite de Marcelo PR [Presidente da República], que também se julga de fora e, vai daí, incita com arrogância 'os políticos' (ele não é!) assim: "Dêem-nos alguma coisa em que acreditar".
Para aquele que foi um dos fundadores do Partido Socialista, "é de pasmar a 'lata' com que este criançola se atreve a papaguear a ofensa. Porque é mesmo de uma ofensa que se trata. Ele põe-se num pedestal, ou melhor, numa gaiola dourada, e diz às bestas dos políticos que o ensinem a acreditar e, já agora, a papaguear, até porque os papagaios não pensam, só imitam se forem ensinados".