"O PSD se fosse Governo teria forçado um entendimento" antes da greve

David Justino diz que deve ser o Governo a dar o primeiro passo para colocar um ponto final na greve dos motoristas.

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Natacha Nunes Costa
14/08/2019 18:12 ‧ 14/08/2019 por Natacha Nunes Costa

Política

Motoristas

O vice-presidente do PSD, David Justino, apontou, esta quarta-feira, o dedo ao Governo pela sua postura na greve dos motoristas de matérias perigosas, que completam hoje o seu terceiro dia de greve.

Para o social-democrata, desde que foi entregue o pré-aviso de greve por tempo indeterminado, há um mês, que Portugal assiste "a um autêntico circo mediático com a multiplicação de declarações e acusações entre representantes dos trabalhadores e das entidades patronais, como se o conflito se pudesse resolver por via dos media e não à mesa de negociações".

E a culpa, acusa David Justino, é do Executivo de António Costa que não fomentou um entendimento entre a ANTRAM e os sindicatos dos motoristas durante as três semanas que anteciparam a greve.

"O Governo delineou uma estratégia de prevenção e contenção de danos que garantisse os abastecimentos, especialmente de combustíveis, o que se nos afigurou adequado. Porém, vários ministros começaram a fazer declarações dando por certa uma greve com três semanas e meia de antecedência. Ou seja, enquanto fingia querer mediar o conflito, dava todos os sinais de que estava disposto a entrar no conflito", afirma o vice-presidente laranja.

Estratégia que, segundo David Justino, não seria adotada pelo PSD se este estivesse no Governo. 

"O PSD se fosse Governo, nas três semanas em que antecederam à própria crise, teria de certeza forçado uma situação de entendimento, nem que fosse um entendimento provisório", garante.

Continuando nas críticas ao Governo, o social-democrata disse que este ajudou a "dramatizar as consequências do cenário de greve" e a "inundar os órgãos de comunicação social de visitas, declarações e entrevistas", recordando, David Justino, que "chegou-se ao extremo de termos 3 ministros em simultâneo em três canais de televisão".

Além não ter fomentado o diálogo entre as partes interessadas desta crise, o vice-presidente do PSD acusa o Governo de, "privilegiar o exercício desproporcionado da autoridade e a demonstração de força com um aparato coercivo injustificado", ao interpor a requisição civil, apenas para que pudesse "reclamar vitória".

Assim sendo, para o PSD, deve ser o Governo a dar o "primeiro passo" para acabar com a greve dos motoristas que já dura há três dias.

"Ou há negociação e as partes têm a coragem de abdicar dos seus instrumentos de influência para sentarem à mesa e tentarem encontrar uma solução, ou então não há nenhuma solução e quem deve dar o primeiro passo é o Governo, é este que deve encontrar uma solução, mas todos têm de entrar na solução. E essas coisas negociam-se, mas não é na praça pública".

PSD viu-se obrigado a reagir?

Após o discurso, David Justino foi invadido por questões sobre a ausência de Rui Rio e sobre o silêncio do PSD perante a crise energética em Portugal.

O vice-presidente não quis responder à maioria das perguntas, contudo, acabou por esclarecer que Rio estava de férias, e que é ele que está, neste momento, à frente do partido.

Quanto aos tweets que Rui Rio continua a fazer, apesar de estar de férias e da sua ausência pública, David Justino desvalorizou: "São formas de comunicação com os membros do PSD e com os portugueses e, portanto, são mensagens curtas que têm a ver com a reafirmação das posições do PSD relativamente a esta matéria".

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