"Não há desastre nenhum". Rio pondera com "serenidade" se continua

O PSD saiu derrotado na noite deste domingo, 6 de outubro, dia de eleições legislativas.

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Natacha Nunes Costa
06/10/2019 23:38 ‧ 06/10/2019 por Natacha Nunes Costa

Política

PSD

PSD saiu derrotado na noite deste domingo, 6 de outubro, dia de eleições legislativas. Contudo, Rui Rio diz que "não há desastre nenhum" e atribui as 'culpas' da derrota a várias "razões internas e externas", como "a publicação de sondagens que desmotivaram o voto no PSD".

"Até depois da urna fechada continuaram a denegrir a imagem do PSD.  Ainda há bocado ouvi comentadores a dizer que isto foi um desastre de todo o tamanho para o PSD. Não há desastre nenhum! Não há desastre nenhum!", frisou, no hotel em Lisboa onde o partido acompanhou a noite eleitoral.

Durante todo o discurso, Rui Rio atribuiu parte das culpas da derrota do PSD nestas eleições à comunicação social. Entre outras razões para o resultado eleitoral obtido esta noite, o líder dos social-democratas diz que "PSD disputou estas eleições num enquadramento muito difícil", seja pela comparação com o tempo da Troika, "o que é injusto para o PSD", seja pela formação de "pequenos partidos".

Do lado interno, Rui Rio recorda a "permanente instabilidade dentro do partido" que repete, ter tido "a conveniência de alguma comunicação social".

"Uma instabilidade de uma dimensão nunca antes vista na história do PSD e exclusivamente motivada por ambições pessoais", acusou.

"Apesar desse enquadramento difícil", o líder dos social-democratas acredita que o partido cumpriu a sua obrigação. 

Depois de distribuir as culpas pelas "razões externas e internas", já nas perguntas dos jornalistas, depois do discurso, Rui Rio assumiu também a sua 'mea culpa'.

"O verdadeiro responsável para o bem e para o mau sou eu", frisou. 

Questionado se vai abandonar a liderança do PSD - pergunta que motivou risos e protestos da assistência -, Rui Rio começou por dizer que a pergunta partia do pressuposto errado, de que o PSD tinha tido a "grande derrota que muitos profetizavam e até desejavam".

"Essa pergunta que me está a fazer vai merecer serenidade e ponderação e ouvir as pessoas", afirmou.

Questionado se a sua prioridade serão as autárquicas de 2021, Rio voltou a fugir à pergunta, apontando que "a próxima direção nacional tem a obrigação" de considerar essas eleições como "nucleares".

"Espero que não faça agora uma crónica muito grande sobre o tabu de Rui Rio, que não disse hoje se continua ou não. O Rui Rio pondera, não há tabus só porque não responde ali ao fim de um minuto ou dois. Calma, Calma", apelou.

Rui Rio considerou que "o PSD basicamente repetiu o resultado de 2015", quando a coligação Portugal à Frente [PSD/CDS-PP] teve perto de 37% dos votos, estimando que nessa altura o CDS "valeria uns 8%".

Com todas as freguesias do território nacional apuradas, o PSD obteve este domingo 27,9% dos votos, contra 36,65% do PS.

"Se o PS se excedeu na exuberância dos festejos logo a seguir às oito da noite, a vitória não foi assim tão grande e também foram manifestamente exagerados alguns desejos e profecias sobre a hecatombe do PSD", afirmou, considerando que o partido deu nestas eleições "um passo em frente para reconquistar a confiança" dos portugueses.

Na sua intervenção inicial, Rui Rio elencou as razões externas e internas para a derrota do partido, onde incluiu os críticos, as sondagens e a comunicação social.

O líder do PSD começou por saudar todos os adversários políticos, "em particular o PS e o Dr. António Costa", dizendo que já tinha telefonado ao líder socialista a dar-lhe os parabéns.

Já na fase das perguntas, questionado se esperava nova investida dos críticos, Rio desvalorizou.

"Não faço a mínima ideia, tem de perguntar aos críticos o que fazem, eu não sei, não os controlo. Mas não me preocupa muito", afirmou, considerando que "apesar desse enquadramento difícil" o PSD cumpriu a sua obrigação.

Rui Rio chegou sozinho à sala da conferência de imprensa, sendo depois acompanhado em palco pelos principais dirigentes do partido.

A sua intervenção, que com as perguntas demorou pouco mais de 20 minutos, foi sendo interrompida por muitos aplausos - por vezes de pé - e gritos de "PSDPSD" por parte dos mais de cem apoiantes presentes na sala.

"Nenhum de nós sabe exatamente o que o PS quer fazer"

O presidente do PSD apontou no domingo à noite que cabe ao PS tomar a iniciativa de formação de Governo e irá aguardar pelas audiências em Belém e pela reunião dos órgãos do partido antes de se pronunciar.

Questionado sobre o papel do PSD na próxima legislatura, Rui Rio assinalou que "o Partido Socialista ganhou as eleições, tem agora de ter a iniciativa sobre aquilo que quer fazer".

"E, acima de tudo, aquilo que é importante é que eu não sei, nem nenhum de nós sabe exatamente o que o PS quer fazer", ressalvou o presidente do PSD.

Considerando que esta questão "é do interesse nacional", Rui Rio apontou que é preciso "aguardar a composição final da Assembleia da República", uma vez fechados os resultados das eleições legislativas de domingo.

"O senhor Presidente da República irá seguramente chamar os partidos e nós lá iremos. Em função daquilo que o PS quiser fazer, nós vamos analisar a envolvente política, sempre num ato de coerência com o nosso próprio programa e com tudo aquilo que dissemos", precisou.

Rui Rio assinalou também que agora é tempo de "reunir os órgãos próprios do partido" e depois pronunciar-se sobre os próximos quatro anos.

"Logo veremos a posição que tomamos, sendo que ela estará seguramente em consonância com tudo aquilo que eu sempre disse. Não vai sair daqui nada de diferente daquilo que eu sempre disse, isso pode ter a certeza absoluta", vincou.

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