Mark Rutte, primeiro-ministro holandês, defendeu, esta sexta-feira, a posição do seu ministro das Finanças, Wopke Hoekstra, após António Costa ter considerado, ontem em conferência de imprensa à saída do Conselho Europeu, "repugnantes" as afirmações do governante holandês, que defendeu que a Comissão Europeia devia investigar o facto de Itália ou Espanha não terem margem orçamental para lidar com os efeitos da crise do novo coronavírus.
"Mas há solidariedade! Solidariedade não é dar dinheiro, solidariedade é dar dinheiro e depois, de ambos os lados, tentar tornar as economias mais fortes", começou por apontar Mark Rutte, em declarações emitidas pelas RTP3.
O primeiro-ministro ainda ressalvou que "a Holanda tomou medidas extremamente difíceis nos últimos 10 anos" e que, "em resultado disso, nesta crise e nesta fase" pode "dar a melhor resposta possível. "E, claro, também queremos que outros países o possam fazer independentemente", vincou o chefe do Governo da Holanda.
Hoje, em direto para o país, António Costa, voltou a reiterar indignação pelas palavras do ministro holandês afirmando que considera "que só pessoas que não têm a menor sensibilidade ou a menor compreensão do que é esta realidade dramática que estamos neste momento a enfrentar - perante dramas como o da Itália ou da Espanha, e em todos os países e na Holanda também - é que é possível dizerem que é preciso ir saber porque é que a Itália e a Espanha não têm condições orçamentais para enfrentar estas situações".
Também em conferência de imprensa, questionado pelos jornalistas sobre as declarações do primeiro-ministro sobre o responsável pela pasta das finanças holandês, Marcelo Rebelo de Sousa defendeu António Costa, apontando os passos "tímidos" e "insuficientes" que a Europa até agora no combate à pandemia.
"Também eu me indigno com o facto de a Europa , que tem tanto peso no mundo, não ser capaz de perceber que tem de estar unida, ser corajosa e determinada e ser solidária", declarou o Presidente da República.
O Governo holandês anunciou que pediu acesso às palavras exatas do seu ministro das Finanças para avaliar se foram ou não "repugnantes".