"Lamento desiludi-lo mas efetivamente não houve atrasos", começou por responder o primeiro-ministro à questão levantada pelo líder parlamentar do CDS sobre os pagamentos de layoff.
"Eu disse aqui na Assembleia da República que todos os pedidos válidos que entrassem até ao final da primeira semana de abril seriam pagos até ao final do mês de abril. Acontece que, graças ao extraordinário esforço dos funcionários da segurança social, foram pagos até 30 de abril todos os pedidos válidos que entraram até dia 10 de abril", defendeu o primeiro-ministro.
"E a nova promessa não foi uma nova promessa, foi dizer-mos o que já tinha sido dito. Todos os pedidos que entraram e são válidos até ao final da semana passada, 30 de abril, serão pagos até ao final da próxima semana, ou seja, até ao dia 15 de maio".
Segundo António Costa, foram feitos pagamentos a 6 de abril, 16, 19 , 24 e 30 de abril. Reconhecendo que pelo processo normal da transferência bancária, o dinheiro tenha caído na conta já este mês, dia 4 e 5, (dado que no dia 1 foi feriado), o chefe do Executivo garantiu: "Está tudo pago num universo total de 64.500 empresas e 492 mil trabalhadores".
Dirigindo-se a Telmo Correia, o primeiro-ministro disso considerar ser totalmente legítimo "e normal em democracia, que as oposições critiquem o Governo". "Não creio que seja legítimo, na atual fase em que estamos, atacar pessoas que são funcionários públicos do Estado e que estão a dar o seu melhor num esforço absolutamente extraordinário para cumprir decisões políticas", disse, recebendo aplausos da bancada socialista. "Se tivesse havido atrasos, não era atrasos do ministro ou da ministra, era o atraso da máquina da Segurança Social, e a máquina da Seg. Social são pessoas concretas que também têm doenças, que também têm familiares doentes (...)".
Salientando "o extraordinário" da máquina da Segurança Social, Costa disse "o que os funcionários públicos conseguiram fazer foi, em pouco mais de mês e meio, o que levariam 187 anos a tratar. Isto só merece uma palavra: obrigado aos profissionais da Seg. Social", rematou o primeiro-ministro, recebendo nova salva de palmas.
António Costa procurou em seguida desmontar algumas das críticas que o seu executivo tem sido alvo, considerando que "um tempo médio de decisão de 16 dias" para uma medida como o regime simplificado de lay-off, "não se pode considerar exagerado".
"Muitos apontam o dedo à burocracia, mas esses são os mesmos que também há mês e meio diziam que havia atrasos na aquisição de material e que agora colocam em causa que se proceda à aquisição de material por ajuste direto e que tudo se deveria fazer pela burocracia dos concursos públicos", apontou António Costa.
O primeiro-ministro salientou que quem criticou a burocracia é quem agora critica os ajustes diretos. "E são seguramente os mesmos que daqui a uns meses vão estar a apontar o dedo aos autarcas que fizeram hospitais de campanha que depois não vieram a ser necessários", atirou, continuando: "E até nos vão perguntar porque é que andámos a comprar milhares de ventiladores quando nunca houve mais de 300 pessoas ligadas a ventiladores por causa da crise da Covid-19".
Numa intervenção aplaudida em vários momentos, o chefe do Executivco socialista continuou afirmando que "já todos estamos há anos suficientes na política para não termos ilusões de qual é o ritmo da política: no princípio tudo é de menos, depois tudo foi em excesso"
"Aquilo que temos de continuar a ter como guia da nossa ação política é não nos andarmos a deixar condicionar pelo mood do momento e fazer em cada momento aquilo que racionalmente é essencial fazer. E termos sempre presente que esta não é uma corrida de 100 metros, é uma longa maratona com fim incerto (...) temos de estar prontos para esta luta", enfatizou.
Antes de António Costa, o dirigente da bancada socialista Luís Testa deixou uma série de questões sobre a responsabilidade da União Europeia no combate à crise provocada pela pandemia de covid-19.
"Até que ponto perceberá a Europa que uma crise desta dimensão tem de ter uma resposta global e não um mero somatório de respostas? Até que ponto saberá a Europa, detentora dos mecanismos de políticas financeiras, económicas e monetárias, estar à altura da sua responsabilidade?", perguntou o deputado do PS eleito pelo círculo de Portalegre.
Luís Testa defendeu ainda a tese de que a história dos países e das sociedades é feita de ciclos e, no caso de Portugal, "que recuperava de uma crise, tem de ter uma lição tirada". "Não é resposta, não pode ser resposta acrescentar austeridade à crise", concluiu Luís Testa.