Rio sobre Novo Banco. "Isto é gozar com os portugueses"

O presidente do PSD criticou novamente o Governo por não ter aferido para onde iam "os milhões e milhões de euros" dos impostos dos portugueses transferidos para o Novo Banco. "É mais grave do que o que pensava", lamentou ainda.

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Mafalda Tello Silva
28/07/2020 16:09 ‧ 28/07/2020 por Mafalda Tello Silva

Política

PSD

Depois de já ter reagido no Twitter à notícia do jornal Público sobre a venda de imóveis do Novo Banco a um fundo de investimento com sede nas ilhas Caimão, Rui Rio acrescentou esta tarde que se a investigação for provada verdadeira é uma situação "gravíssima" e inaceitável, sobretudo para todos os contribuintes. 

"Isto é gozar com os portugueses", defendeu o presidente do PSD, em conferência de imprensa, na sede do partido. 

Ainda assim, para o dirigente do maior partido da oposição, esta informação não é novidade, mas sim a demonstração de que as suspeitas que o PSD já tinha sobre os negócios do Novo Banco são hoje "mais consistentes". "Tenho vindo a alertar [para os negócios do Novo Banco] há vários meses", relembrou.

"Aquilo que é noticiado é que o Novo Banco vendeu a cinco empresas que não são mais que testas de ferro de um fundo numa offshore. Imóveis baratíssimos, com largas perdas, que foram os contribuintes portugueses que vieram depois a pagar essas perdas", avaliou. 

Mais, para o presidente social-democrata acresce ainda o facto de o Novo Banco ter, alegadamente, emprestado dinheiro a quem ia comprar os seus próprios imóveis. "Portanto, praticamente um risco zero com ganho garantindo. E se é ganho para eles é perda para todos nós. Uma perda estimada de 260 milhões de euros. Impostos que nós pagámos para o Novo Banco andar, aparentemente, a fazer isto", criticou. 

Apontando também que, ao que foi apurado, trata-se de um lote de 5.500 imóveis no negócio em causa, Rio atirou: "Quando queremos vender 5.500 imóveis não vendemos num lote só porque restringe a procura. Parece que é tudo feito para ser barato, tudo feito para perder, para dar mais valias alguém, com o português a pagar. Se isto é verdade, é gravíssimo (...) É mais grave do que o que pensava". 

"O Governo vai correr agora atrás do prejuízo". 

Contudo, o líder do partido 'laranja' não apontou só o dedo ao Novo Banco. Rio deixou ainda severas críticas ao Executivo de António Costa. Lembrando que "disse muitas vezes que o Governo não podia entregar milhões e milhões de euros dos impostos ao Novo Banco sem aferir" o que estava a pagar, o presidente do PSD argumentou que o Executivo "vai correr agora atrás do prejuízo". 

Sobre o pedido feito pelo Governo à PGR sobre o Novo Banco, o social-democrata considerou que a inicitiva "é positiva, mas não chega", defendendo uma investigação judicial e admitindo como "provável" a necessidade de um inquérito parlamentar. 

"Dá-me ideia que isto vai carecer também de uma investigação política para aferir verdadeiramente o nível de responsabilidade do Governo: o Governo assume que recebia a fatura e entregava o dinheiro e houve até uma dessintonia entre o então ministro das Finanças [Mário Centeno] e o primeiro-ministro", recordou.

Reiterando o pedido de investigação por parte do Ministério Público à instituição em causa, Rio defendeu ainda: "Depois de tudo o que aconteceu no BES, ainda tiveram a lata de chamar um banco bom [Novo Banco]".

O jornal Público noticiou hoje que um fundo das ilhas Caimão comprou casas do Novo Banco com o crédito desta instituição financeira, num negócio que foi um dos maiores do ramo imobiliário dos últimos anos e em que o Fundo de Resolução cobriu as perdas. Nesta investigação, refere-se mesmo que o Novo Banco vendeu e emprestou o dinheiro a quem comprou.

Na passada sexta-feira, no debate do Estado da Nação, o presidente social democrata já tinha sugerido a realização de uma investigação do Ministério Público a esta instituição. Nessa ocasião, Rio voltou a criticar o Governo ter entregue "milhões de euros" dos impostos dos portugueses ao Novo Banco e reiterou suspeitas, lançadas num debate quinzenal, sobre as perdas registadas na venda de imóveis, em momento de alta do mercado imobiliário.

No início desta tarde, o presidente do PSD escreveu no Twitter: "Excelente trabalho jornalístico. Tenho vindo a questionar insistentemente os negócios deste Banco Bom, e sempre disse que o Governo nunca devia ter pago sem aferir a seriedade das faturas. Parece que isto pode ser ainda pior do que se imagina. Tem a palavra o Ministério Público". 

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