Covid? "No início era uma lotaria", agora "o PSD podia ter feito melhor"
O presidente social-democrata apontou, contudo, que "não há nenhum Governo no mundo que estivesse licenciado em combates a pandemias". Quanto à polémica recente sobre o fim dos debates quinzenais, Rio lembrou, por exemplo, que José Sócrates "vem agora" defendê-los e bem porque "antes dele era tudo uma pouca vergonha e uma rebaldaria". E, graças a esses debates, "houve ali uma fiscalização a sério, a ele e ao seu Governo".
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Política Rui Rio
Rui Rio afirmou, esta quarta-feira, que se o PSD governasse, neste momento, estaria a desempenhar um melhor trabalho do que o Executivo de António Costa.
Considerando que no início da pandemia, entre março e maio, "era uma lotaria", o presidente social-democrata garantiu que agora, "no que diz respeito à Saúde e à Economia, o PSD podia ter feito melhor".
"Entretanto, o tempo foi passando e agora é justo fazer as críticas ao Serviço Nacional de Saúde e ao Ministério da Saúde, se agora não consegue ajustar tudo, para que quem tem outras patologias [para além da Covid-19] tenha tratamento e pelo menos o mínimo que tinha antes [da pandemia]", sustentou o dirigente partidário, em declarações prestadas esta noite na Grande Entrevista da RTP.
Ainda assim, Rui Rio sublinhou que "não há nenhum Governo no mundo que estivesse licenciado em combates a pandemias". Para o líder do maior partido da oposição "é muito fácil estar de fora e culpar os Governos, sejam eles quais forem", posição que não concorda que deva assumir-se. "E é com esta honestidade que quero estar na política", asseverou, reforçando que "não é uma oposição habitual", como o 'pressionam' para ser, uma oposição que "diz mal" do Governo.
"Quando as coisas estão mal e são graves, eu falo, como foi agora com o caso de venda de imóveis do Novo Banco. Quando não, tenho de ser moderado e equilibrado. Se não, não tenho credibilidade nenhuma", argumentou ainda, garantindo que não sabe se teria feito um melhor trabalho no Governo do que António Costa, no início da pandemia.
Apoios a Marcelo e a Isaltino, próximo OE, o fim dos debates e o Novo Banco
Questionado sobre se admitia apoiar uma candidatura autárquica a Oeiras do ex-militante do partido Isaltino Morais e, sem responder diretamente, deixou a sua posição sobre o facto de o atual autarca já ter estado preso.
"Em Portugal, penso que não há prisão perpétua, foi condenado, cumpriu a pena, saiu, tem direito à vida. Não estou a dizer com isto que vem para o PSD", frisou, dizendo que atualmente Isaltino Morais "é independente", mas que até leu num jornal que o autarca lhe fez um elogio e que, se assim foi, "esteve bem".
Se o Chega evoluir para uma posição mais moderada, eu penso que as coisas se podem entenderNa fase final da entrevista, Rio foi ainda questionado sobre se admitia entendimentos com o partido Chega para formar um eventual bloco de centro-direita para chegar ao poder. "Não depende do PSD, depende do Chega. Se o Chega evoluir de uma tal maneira que - embora seja um partido marcadamente de direita, em muitos casos de extrema-direita, muito longe de nós que estamos ao centro -, se o Chega evoluir para uma posição mais moderada, eu penso que as coisas se podem entender", afirmou.
Em contraponto, disse, "se o Chega continuar numa linha de demagogia, de populismo, da forma como tem ido, há aqui um problema, porque aí não é possível um entendimento com o PSD". Questionado sobre se descarta, então, essa possibilidade, Rio respondeu: "Face ao que o Chega tem sido, descarto. Espero é que o Chega possa evoluir para um plano um pouco mais moderado, então não estou a dizer que se faça, mas é possível conversar".
Quanto às presidenciais, o presidente do PSD voltou a dizer que Marcelo Rebelo Sousa será "provavelmente o candidato natural" do partido para as presidenciais se se recandidatar, e escusou-se a apontar qual a maior discordância que teve com o atual chefe de Estado, admitindo apenas que não esteve de acordo com tudo, "na ação e na omissão".
Rio apontou, uma vez mais, como "reduzidíssima" a probabilidade de o PSD concordar com o Orçamento do Estado para 2021 "feito por PS, PCP e BE" e até disse estar "curioso" por saber como é que este documento será "sem austeridade", conforme prometido pelos três partidos.
Ainda sobre a polémica do fim dos debates quinzenais com o primeiro-ministro, aprovada na semana passada por PS e PSD, Rio disse que já tinha essa posição desde "2009, 2010 ou 2011", quando começou a ver os primeiros no tempo do Governo liderado por José Sócrates.
"O engenheiro Sócrates vem agora defender os debates quinzenais e bem, porque percebe-se que foi ali devidamente fiscalizado e antes dele era tudo uma pouca vergonha e uma rebaldaria. Com os debates quinzenais houve ali uma fiscalização a sério, a ele e ao seu Governo", ironizou.
O líder do PSD reiterou a sua tese de que o modelo aprovado, que passa por debates mensais com o Governo (num mês setorial e no outro sobre política geral), não significa diminuir a fiscalização do parlamento.
"Deixe-me explicar direito, se não vão achar que vem aí o fascismo e ditadura e não há fiscalização", pediu, afirmando que "em 11 meses de plenário, o primeiro-ministro irá obrigatoriamente oito vezes e poderá ir até 13 vezes".
À RTP, Rio apontou como três grandes discordâncias com o Governo a gestão dos 'dossiers' do Novo Banco, da TAP e a forma como o executivo está a posicionar-se no futuro negócio sobre o hidrogénio. "São falhas de muitos milhões de euros", disse.
Quanto ao Novo Banco, o líder do PSD alertou poder estar a viver-se "uma situação semelhante à do BES - sendo verdade que a instituição emprestou dinheiro para que lhe comprassem imóveis -, e insistiu na necessidade de uma investigação do Ministério Público "a sério" e nas críticas ao Governo por não ter "conferido as faturas" antes de pagar.
"Se tudo isto for verdade, significa que o Novo Banco está a vender abaixo do preço de mercado e a perder dinheiro para beneficiar alguém, sendo que não perde nada, porque são os contribuintes portugueses que lhe devolvem esse dinheiro", apontou.
Sobre a TAP, Rio reiterou que a empresa está tecnicamente falida e, questionado se a alternativa seria "deixar cair", admitiu essa possibilidade, perante a falta de planos de negócio e de reestruturação credíveis.
"Depende, poderia deixar, venha o plano de negócios e de reestruturação, se for exequível, então talvez sim. Uma coisa mal amanhada, sem grande coragem para reestruturar a empresa, para o contribuinte português mais vale deixar cair. Espero não ter razão, porque se não significa que, além desta fatura, virão mais ao logo dos anos", alertou.
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