BE defende. AR deve fazer lei para "resolver atrasos" nas juntas médicas

O Bloco de Esquerda defendeu hoje que seja a Assembleia da República a fazer uma lei que "rapidamente e urgentemente" recupere o trabalho das juntas médicas e resolva os atrasos na obtenção de atestados de incapacidades.

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Lusa
16/10/2020 12:27 ‧ 16/10/2020 por Lusa

Política

Parlamento

No debate de hoje, na Assembleia da República, estiveram em discussão três projetos de lei e um projeto de resolução do Bloco de Esquerda (BE), partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), Partido Comunista (PCP) e CDS-Partido Popular, respetivamente, para a recuperação da atividade das juntas médicas e para eliminar os atrasos na emissão dos atestados médicos de incapacidade multiúsos.

Nessa matéria, o deputado Moisés Ferreira do BE entende que o "Governo não tem tomado medidas para resolver estes problemas" e defendeu que são situações que não se podem alongar indefinidamente pelo sofrimento que isso causa a quem precisa destes atestados para aceder a uma série de subsídios ou apoios do estado.

"É preciso agir agora, via Assembleia da República, com lei que é possível fazer rapidamente e urgentemente e que será eficaz a resolver estes problemas", defendeu o deputado bloquista, sublinhando que, ao contrário do defendido pelo deputado social-democrata Pedro Alves, este não é um problema da estrita competência do Governo.

"O Governo não tem sido capaz de resolver o problema, a Assembleia da República pode produzir uma lei que entra quase imediatamente em vigor e pode resolver quase imediatamente o problema e, portanto, não devemos descartar essa possibilidade, temos que responder já, não podemos ignorar os problemas", apelou.

De acordo com o deputado, a recuperação da atividade das consultas hospitalares não prevê a recuperação das juntas médicas, nem o plano de saúde outono/inverno fala nisso, o que "não é aceitável".

Defendeu, por isso, uma lei que preveja um automatismo na criação e renovação dos atestados, além de que deixem de ser apenas os médicos de saúde pública a poderem passar estes documentos e isso seja alargado a outros especialistas "para tornar a resposta mais célere".

O BE quer o acesso automático a quem tenha patologias incapacitantes e que, geralmente, conferem grau de incapacidade igual ou superior a 60%, e um plano de recuperação de atividade das juntas médicas com pacote financeiro para as administrações regionais de saúde.

Do PAN, a deputada Diana Ferreira lembrou que, por causa do covid-19, a validade dos atestados foi prolongada até ao final do ano, mas denunciou a existência de pessoas com mais de 60% de incapacidade que estão à espera há mais de um ano, "sem acesso a apoios sociais ou até sem acesso ao ensino superior no regime especial".

O PAN quer, por isso, uma reorganização excecional das juntas médicas, passando a haver um médico residente que articula com médico de família, lista padronizada das situações clínicas com direito a incapacidade igual ou superior a 60% para facilitar processos, entre outras medidas.

PCP, pela voz da deputada Diana Ferreira, criticou os atrasos recorrentes das juntas médicas que pioraram em contexto de pandemia, defendendo uma solução imediata para casos pendentes, já que disso depende o acesso, por exemplo, à prestação social para a inclusão, aquisição de viatura, isenção do IUC, cartão de estacionamento para pessoas com mobilidade reduzida ou no acesso a produtos de apoio.

Os comunistas querem um regime transitório de emissão de atestado medico e obtenção dos respetivos benefícios e que isso possa ser feito por um médico especialista que tenha pelo menos a categoria de assistente, que seja instituído procedimento especial e célere para os doentes oncológicos recém-diagnosticados, entre outras propostas.

A deputada Ana Rita Bessa, do CDS-PP, apresentou alguns casos de doentes oncológicos que estão a ser vítimas dos atrasos nas juntas médicas e lembrou que para estas pessoas os atrasos podem ser determinantes, pelo que apresentou algumas medidas específicas para estes doentes.

Uma delas é a emissão automática do atestado pelo serviço hospitalar que faz o diagnóstico, eliminando a necessidade de junta médica.

O deputado social democrata Pedro Alves disse que o partido apresentou uma iniciativa que irá ser discutida em sede de comissão para simplificação do regime legal e adoção de medidas de urgência, e desafiou o Governo a avançar com medidas transitórias enquanto o regime legal não é alterado.

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