Estas posições foram transmitidas por António Costa em entrevista à Antena 1, depois de questionado se admite ainda negociar a proposta do Governo de Orçamento do Estado para 2021, na fase de especialidade, com o Bloco de Esquerda, depois de esta força política ter votado contra o diploma na generalidade.
"As propostas do PCP são conhecidas, as posições do Governo também, e temos continuado a trabalhar. Em relação ao Bloco de Esquerda, da nossa parte, também não temos nenhuma porta fechada no sentido de continuar a trabalhar e a considerar soluções. Achamos que é útil e necessário que o país tenha um bom Orçamento do Estado para 2021", sobretudo numa situação de crise sanitária "e de crise económica gigantesca", defendeu o primeiro-ministro.
A seguir, o líder do executivo referiu-se aos limites do seu executivo em termos de aumento do défice e da dívida ao longo do próximo ano.
"Como qualquer um de nós, o país também tem de pensar que há sempre um amanhã. Portanto, quando sairmos desta crise da pandemia temos de sair o menos fragilizados possível dos pontos de vista económico e orçamental", frisou.
Ainda no que respeita ao posicionamento político do Bloco de Esquerda, António Costa disse que só os dirigentes deste partido podem responder à questão se ainda têm ou não abertura para um acordo orçamental.
"Sinceramente, não percebo as razões objetivas para o Bloco de Esquerda ter tomado a posição que tomou. Toda a gente reconhece que esta proposta de Orçamento é seguramente a que tem maior dimensão social dos cinco anos de governação. Mas haverá certamente razões políticas subjetivas várias que determinem o sentido de voto do Bloco de Esquerda", sugeriu.
Nesta entrevista, o primeiro-ministro voltou a afirmar que não se demitirá de funções no atual contexto de crise sanitária e económica e considerou bastante negativo um cenário de eleições antecipadas em 2021, alegando, entre outras razões, que a estabilidade política dos últimos anos "tem sido um fator positivo do ponto de vista externo para a credibilidade do país".
"Quando a pandemia acabar, o esforço de reconstrução não pode ser interrompido. Não só quero [estar no exercício de funções] como devo. Era o que faltava que, num momento tão difícil como aquele que estamos a atravessar, virar as costas ao país. Não escolhi governar em tempo de pandemia, mas não fujo da pandemia", reagiu.