Em entrevista à agência Lusa, cerca de quatro meses depois de ter anunciado a sua candidatura ao Palácio de Belém, apoiada pela Iniciativa Liberal - partido do qual foi fundador e é atualmente presidente do Conselho de Jurisdição -- Tiago Mayan Gonçalves não poupa nas críticas ao atual Presidente da República.
"Marcelo não foi presidente. Marcelo foi ministro da propaganda deste Governo e essa é, desde logo, a maior crítica que lhe posso fazer porque isso tem sido continuamente demonstrado", refere.
Marcando uma clara diferença em relação ao atual chefe de Estado, o candidato liberal afirma que, "independentemente de direitas e esquerdas", espera que "eleitores que não se revejam neste presidente, que abdicou de exercer o seu mandato", e vejam na sua candidatura "uma proposta válida e moderada".
"Eu também sou um candidato contra todo o tipo de extremismos, de qualquer espetro e de qualquer ponta nesse espetro de esquerda/direita", assegura, respondendo que um bom resultado "é conseguir transmitir o que é que um presidente liberal representa para os portugueses".
O liberal elenca uma longa lista de situações para sustentar as suas críticas ao atual Presidente da República, começando pela vacina da gripe e passando pela "narrativa do milagre português, a proclamação de jogos de futebol em pleno Palácio de Belém enquanto fechavam canais de voo para o país, o incêndio de Pedrógão, a tragédia das mortes no Lar de Reguengos e Tancos".
"Tantos, tantos exemplos em que Marcelo, quando age, age para fazer cobertura ou para fazer distrações e permitir que o Governo atue sem controlo e sem que haja regular funcionamento das instituições", condena.
Para o advogado portuense de 43 anos, esta forma de atuar do atual chefe de Estado é norteada "por um objetivo meramente narcisístico e pessoal de querer a reeleição" nas presidenciais do próximo ano.
"Marcelo o que fez, a partir do primeiro dia em que tomou posse, foi deixar de ser presidente e passar a ser candidato presidencial e a estratégia para isso foi colaborar com o Governo, que era o que estava na altura. Se fosse outro provavelmente faria a mesma coisa", disse.
Na perspetiva de Tiago Mayan Gonçalves, "a estratégia foi ser colaboracionista com o Governo porque contava com isso garantir uma reeleição".
"E não só uma reeleição porque eu penso que também estava dentro do sonho dele garantir uma reeleição apoteótica. Aqui a pandemia acabou por lhe causar dificuldades para esse objetivo, mas o objetivo de reeleição ainda o tem e, portanto, isso foi uma estratégia", justifica.
O anunciado candidato liberal vê outros dos seus concorrentes nestas eleições "a elogiarem o desempenho presidencial de Marcelo, mas a criticarem-lhe o estilo".
"Eu faço precisamente o contrário. O que eu critico é o desempenho de Marcelo nas suas funções presidenciais. Mas o estilo, de aproximação, de descrispação com as pessoas, acabou por ser importante e é isso que lhe traz tanta popularidade", considera.
À pergunta de quem é o seu grande adversário nas eleições presidenciais a que concorre, Tiago Mayan Gonçalves não hesita por um segundo: "é Marcelo, claro. É o incumbente e eu creio que ele será candidato - apesar de ainda manter o tabu - e é contra quem eu concorro".
Sobre o nome apoiado pelo Chega, André Ventura, o liberal observa que "aparentemente não é um candidato presidencial porque raramente fala desse aspeto", mas deixa claro que representa "valores diametralmente opostos em praticamente tudo".
Tiago Mayan Gonçalves foi militante do PSD -- de onde ainda recebe num email as newsletters, mas que garante que "vão para spam, claro" -, e é eleito suplente pelo Movimento de Rui Moreira à Assembleia da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde.
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