"Respeitarei a vontade dos portugueses como democrata e, ao mesmo tempo, não deixarei de chamar a atenção - o que Marcelo Rebelo de Sousa não fez - para casos como [o do Bairro] Jamaica, o esbulho fiscal, [a situação dos], professores, enfermeiros. Daria posse ao Governo que fosse escolhido pelos portugueses", afirmou, confrontado com a possibilidade de participação comunista num executivo hipotético.
O presidente da nova força política populista criticou "todos os candidatos à esquerda" que têm afirmado -- "ou não respondem -- que não dariam posse a um Governo com o Chega".
"Acho isto de uma falta de sentido democrático... O Chega é um partido legítimo, legalizado. Não percebo como é que há candidatos que dizem que não vão respeitar a vontade do povo português, se o Chega tiver 8%, 10%, 12% ou 15% [dos votos], como apontam algumas sondagens", lamentou.
Para o deputado único do Chega, "o Presidente da República não pode ser o 'corta-fitas' da República que tem sido, muito por culpa de Marcelo Rebelo de Sousa, mas também de Cavaco Silva e de Mário Soares".
"Não aceito um Presidente, como aconteceu no Bairro Jamaica, que vai visitar os bandidos e deixa os polícias sozinhos", afirmou.
André Ventura foi também confrontado com uma sondagem recente que o coloca na terceira posição da corrida presidencial, atrás do atual chefe de Estado e recandidato e da diplomata e ex-eurodeputada do PS Ana Gomes, algo que o próprio já assumira implicar a demissão de líder partidário, mas que agora remeteu para o seu partido uma futura decisão.
"Já fiz mais do que todos os outros líderes. Alguns [militantes do Chega] estão suspensos, outros foram expulsos, sobre outros correm processos no Conselho de Jurisdição. Curioso é que nunca vi o BE fazer isto com os membros deles que estiveram das FP25 [organização terrorista de extrema-esquerda da década de 1980], no [PCTP/]MRPP ou em partidos maoístas. É a isso que eu acho graça", disse, assumindo uma "limpeza" interna de elementos de extrema-direita, racistas, xenófobos ou fascistas.