CDS-PP. Líder permanece, por 31 votos, após noite de nervos em franja
A moção de confiança à Comissão Política Nacional, apresentada pelo presidente do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, foi aprovada pelo Conselho Nacional com 54% de votos a favor. Líder do CDS-PP manifestou-se hoje "amplamente satisfeito", Mesquita Nunes disse que respeita o resultado.
© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images
Política CDS-PP
O presidente do CDS-PP manifestou-se este domingo "amplamente satisfeito" com a aprovação, pelo Conselho Nacional, da moção de confiança à sua direção, com 54,3% dos votos, e defendeu que a "clarificação está dada".
"Sairei daqui presidente de todos os militantes do partido, daqueles que votaram favoravelmente a moção de confiança desta direção mas também, e sobretudo, de todos aqueles que entenderam não votá-la favoravelmente. Especialmente para esses, empenhar-me-ei para convencê-los de que esta direção levará o CDS ao sucesso que merece, a pensar desde logo nas próximas eleições autárquicas", defendeu.
O antigo vice-presidente do CDS-PP Adolfo Mesquita Nunes disse que respeita o resultado da moção de confiança e que quis "alertar para uma crise de sobrevivência". "Fiz aquilo que a consciência me ditava: alertar o partido para uma crise de sobrevivência", escreveu Mesquita Nunes na rede social Facebook, pouco depois de serem conhecidos os resultados.
"O Conselho Nacional entendeu de forma distinta. Está no seu mais legítimo direito. Como é evidente, respeito o resultado, assim como a avaliação positiva que o Conselho Nacional faz desta direção e da sua estratégia", acrescentou.
Moção aprovada após longa noite de discussão
A moção, votada através de voto secreto digital por 265 conselheiros (com recurso a um método que incluiu emails, mensagens de telemóvel e códigos de segurança), mereceu 144 votos a favor (54,3%), 113 votos contra (42,6%) e oito abstenções (3%), segundo Filipe Anacoreta Correia.
A votação arrancou pela 1:30, ainda durante a discussão da iniciativa, o que foi permitido pela aprovação de um requerimento nesse sentido.
Apesar de às 2:15 o presidente do Conselho Nacional ter anunciado que àquela hora já tinham votado 250 conselheiros, a decisão só foi divulgada no final de todas as intervenções, já depois das 4:00, ao fim de 16 horas de reunião.
Cerca de 250 membros do Conselho Nacional do CDS-PP estiveram reunidos desde as 12:10 de sábado, por videoconferência, para discutir e votar uma moção de confiança à Comissão Política Nacional apresentada pelo líder, Francisco Rodrigues dos Santos, depois de o antigo vice-presidente Adolfo Mesquita Nunes ter proposto a realização de um congresso eletivo antecipado (antes das autárquicas) e ter anunciado que será candidato à liderança caso essa reunião magna aconteça.
O impasse com o voto secreto
Esta reunião extraordinária do órgão máximo do CDS-PP entre congressos arrancou com uma demorada discussão sobre o modo que seria usado para a votação da moção de confiança.
Depois de ter indicado que colocaria à consideração do órgão máximo do partido o método de votação desta iniciativa, o presidente do Conselho Nacional afirmou que estava "assumida a proposta de voto secreto por via digital", após uma intervenção do líder, na qual Francisco Rodrigues dos Santos apontou não ter "medo" que a votação seja secreta.
Antes disso, Adolfo Mesquita Nunes tinha abandonado a reunião do Conselho Nacional, por via virtual, em discordância o presidente daquele órgão, para depois regressar, depois de assumido o voto secreto. O ex-vice dos centristas acrescentou que "foram cinco horas a discutir uma coisa que podia e devia ter sido resolvida em cinco minutos".
Este era o método defendido pelos críticos, que foram defendendo que o parecer do Conselho Nacional de Jurisdição, emitido na sexta-feira, e que estabelece que "a votação de moções de confiança à Comissão Política Nacional deve ser realizada por escrutínio secreto", era vinculativo e deveria ser acatado.
Os trabalhos arrancaram à porta fechada, mas foram abertos aos jornalistas a partir das 15:45, após decisão do Conselho Nacional, estando a comunicação social a acompanhar a reunião na sede do CDS, em Lisboa, através de uma televisão.
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