"Há uma altura em que a 22 de fevereiro de 2010 o Banco de Portugal descobre uma redução da exposição da ESFG [Espírito Santo Financial Group] à ESI [Espírito Santo International] e à Espírito Santo Property em 520 milhões de euros", começou por dizer a deputada no parlamento, na audição ao antigo vice-governador do BdP Pedro Duarte Neves na comissão de inquérito sobre o Novo Banco.
De acordo com a deputada do BE, o supervisor bancário português "soube que essa redução de exposição foi compensada com uma dívida emitida no Espírito Santo Dubai num investidor institucional desconhecido".
O Banco de Portugal "pergunta quem é e descobre quem é o investidor institucional desconhecido: é o Banco Nacional de Angola, que está a comprar dívida do GES ao Dubai", disse a deputada.
"E sabia mais, sabia que na altura o BES estava a emprestar muito dinheiro ao BESA, que o BESA estava a comprar muito de dívida pública angolana", que segundo a deputada também "sabia que quando se compra dívida pública angolana os depósitos vão para o BNA", que "estava a comprar divida do GES".
"Tudo isto acontecia ao mesmo tempo", referiu a parlamentar, acrescentando que o supervisor português "perguntou de forma diferenciada tudo isto, mas nunca juntou os pontos para perceber que havia um problema prudencial, um problema de risco".
Na resposta, o ex-vice-governador do BdP disse que "a aplicação que o BESA tinha em dívida pública angolana era uma aplicação de ordem semelhante pelo menos à que um outro banco tinha em Angola nesse mesmo momento de tempo".
Para Pedro Duarte Neves, o BNA "é uma autoridade que tem seguramente uma função de gestão de aplicações, e se aplicou nesses títulos por alguma razão foi, são duas questões que não têm de estar relacionadas".
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