BdP sabia que BNA comprava obrigações do GES no Dubai, diz Bloco

A deputada bloquista Mariana Mortágua disse hoje que o Banco de Portugal (BdP) sabia que o Banco Nacional de Angola (BNA) comprava obrigações do Grupo Espírito Santo no Dubai, enquanto o BESA comprava dívida pública angolana depositada no supervisor.

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Lusa
12/03/2021 18:20 ‧ 12/03/2021 por Lusa

Política

Bloco de Esquerda

"Há uma altura em que a 22 de fevereiro de 2010 o Banco de Portugal descobre uma redução da exposição da ESFG [Espírito Santo Financial Group] à ESI [Espírito Santo International] e à Espírito Santo Property em 520 milhões de euros", começou por dizer a deputada no parlamento, na audição ao antigo vice-governador do BdP Pedro Duarte Neves na comissão de inquérito sobre o Novo Banco.

De acordo com a deputada do BE, o supervisor bancário português "soube que essa redução de exposição foi compensada com uma dívida emitida no Espírito Santo Dubai num investidor institucional desconhecido".

O Banco de Portugal "pergunta quem é e descobre quem é o investidor institucional desconhecido: é o Banco Nacional de Angola, que está a comprar dívida do GES ao Dubai", disse a deputada.

"E sabia mais, sabia que na altura o BES estava a emprestar muito dinheiro ao BESA, que o BESA estava a comprar muito de dívida pública angolana", que segundo a deputada também "sabia que quando se compra dívida pública angolana os depósitos vão para o BNA", que "estava a comprar divida do GES".

"Tudo isto acontecia ao mesmo tempo", referiu a parlamentar, acrescentando que o supervisor português "perguntou de forma diferenciada tudo isto, mas nunca juntou os pontos para perceber que havia um problema prudencial, um problema de risco".

Na resposta, o ex-vice-governador do BdP disse que "a aplicação que o BESA tinha em dívida pública angolana era uma aplicação de ordem semelhante pelo menos à que um outro banco tinha em Angola nesse mesmo momento de tempo".

Para Pedro Duarte Neves, o BNA "é uma autoridade que tem seguramente uma função de gestão de aplicações, e se aplicou nesses títulos por alguma razão foi, são duas questões que não têm de estar relacionadas".

Leia Também: BdP defendia mais 500 milhões para Novo Banco na resolução do BES em 2014

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