PCP faz interpelação ao Governo em véspera da greve na função pública

O PCP vai fazer, em 19 de maio, uma interpelação ao Governo, no parlamento, centrada nos problemas laborais, véspera da greve na função pública, anunciou hoje o secretário-geral comunista, Jerónimo de Sousa.

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Lusa
04/05/2021 19:18 ‧ 04/05/2021 por Lusa

Política

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O anúncio foi feito na abertura de um encontro, em Lisboa, com trabalhadores e dirigentes direitos sindicais e "combater a exploração e a manipulação", e em que Jerónimo de Sousa também apelou aos militantes para participarem na manifestação da CGTP, no sábado, no Porto, que coincide com a cimeira social.

A interpelação permite a um Governo fixar um dia de debate no parlamento, em que um membro do Governo responde a questões sobre um determinado tema.

Jerónimo de Sousa criticou ainda, sem os nomear, dos projetos de lei do PS e da direita sobre o teletrabalho, mais generalizado desde o início da pandemia de covid-19, em 2020.

O teletrabalho, disse, "significa verdadeiramente teleexploração, aparentemente mais moderna, mais refinada, mas de facto mais profunda e mais violenta".

Hoje, a Frente Comum anunciou uma greve da função pública para dia 20 de maio em defesa do aumento dos salários e da revogação do sistema de avaliação (SIADAP).

Além de uma greve de 24 horas, o dia de luta nacional ficará também marcado por uma concentração de trabalhadores em frente ao Conselho de Ministros, em Lisboa.

Em jeito de aviso, o secretário-geral dos comunistas, na discussão deste assunto, é preciso "prevenir a transferência de custos das empresas para os trabalhadores".

E, mais do que isso, "recusar que a casa do trabalhador seja uma extensão da empresa, de impedir que o espaço pessoal e familiar seja também ele devassado pela obsessão do controlo patronal".

Sem os identificar, alertou ainda que há vários projetos, de outros partidos, que se forem aprovados, "a pretexto de melhorar a lei", vão torná-la pior por "limitar" a legislação já existente.

Em duas frases, o que o PCP defende é: "Aproveitar as possibilidades tecnológicas ao serviço dos trabalhadores, sim, usar a tecnologia para impor o retrocesso laboral e social, não."

Como já fez várias vezes nas últimas semanas, Jerónimo de Sousa comparou o trabalho nas "plataformas digitais" ao "trabalho à jorna", em que, no século passado, trabalhadores rurais iam trabalhar um dia, com poucos direitos e um ordenado baixo.

Sem falar em concreto a polémica com os trabalhadores imigrantes de Odemira, distrito de Beja, a viver em situações precárias, agravadas com a pandemia, referiu-se à "situação degradante" e de "superexploração" destes trabalhadores, "há vários anos" denunciada pelo PCP e pelo "movimento sindical".

Jerónimo de Sousa lembrou ainda as reivindicações centrais do PCP nos últimos meses, como o aumento geral dos salário, incluindo o salário mínimo nacional, ou ainda a redução do horário de trabalho para as 35 horas semanais e o combate à precariedade.

Leia Também: "Fase de enorme mudança" pode ser "momento de transformação" para coesão

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