"É preciso realmente ter em atenção que nós não podemos ser parciais. Temos de condenar os extremismos dos dois lados de igual maneira", argumentou o eurodeputado social-democrata, criticando o apoio manifestado pelo "espaço ocidental" para com os "extremistas" do Hamas, que controla a faixa de Gaza.
Para Paulo Rangel, que intervinha no 'webinar' "Relações Externas e Direitos Humanos", organizado pelo gabinete português do Parlamento Europeu, "o Hamas é uma organização terrorista de uma violência absolutamente inaceitável" e a "compreensão pela violência" é igualmente "uma coisa inaceitável".
O social-democrata, que faz parte da comissão dos Assuntos Externos do Parlamento Europeu, disse mesmo notar "alguma complacência para com a violência", algo que considerou "letal para qualquer processo de paz".
"Ao darmos alguma razão às fações extremistas palestinianas, o que estamos a fazer é legitimar as fações extremistas de Israel e basicamente foi isso que aconteceu nos últimos 10 anos. Basicamente, nós demos poder argumentativo aos dois extremos", acrescentou.
A eurodeputada Isabel Santos (PS) lamentou por seu lado a resposta tardia e pouco assertiva da UE, criticando posições "um tanto ao quanto dúbias" que foram tomadas no início, nomeadamente pela presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen.
"Ficámos um pouco aquém. Os EUA tomaram primeiro uma posição, depois nós fomos tomando posição. Penso que era bom a UE, sendo um 'soft power' [capaz de influenciar indiretamente o comportamento de outro Estado], poder exercer aqui mais alguma ação diplomática no sentido de levar a um maior diálogo", considerou Isabel Santos, no mesmo 'webinar'.
Para a socialista, o disparo de 'rockets' por parte do Hamas, que controla a Faixa de Gaza, contra Israel, a 10 de maio, foi "uma reação à expulsão de população muçulmana das suas casas".
"O povo palestiniano tem passado por momentos absolutamente terríveis. Tenho-me dedicado a acompanhar a evolução no território e temos visto muitos equipamentos financiados pela UE, como escolas e postos de saúde, serem demolidos por Israel. Isto não é aceitável. Quando equipamentos humanitários são destruídos, nós não podemos ficar de baixos cruzados e temos de reagir", argumentou.
Para Paulo Rangel, contudo, a UE não pode fazer "rigorosamente nada", a não ser "pressionar os Estados Unidos para pressionarem Israel", algo que espera que tenha sido feito.
Na quinta-feira, Israel e Palestina anunciaram o cessar-fogo das hostilidades que duravam já há 11 dias e que entrou em vigor às 02:00 locais (meia-noite em Lisboa).
O novo ciclo de violência entre Israel e Gaza causou a morte de pelo menos 232 pessoas no enclave palestiniano, entre as quais 64 menores, e de 12 em território israelita, incluindo dois menores.
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