Champions no Porto? Há diferença entre "vocação e prostituição turística"

Miguel Sousa Tavares teceu duras críticas ao Governo no âmbito da presença dos adeptos ingleses na cidade do Porto. Para o comentador, o turismo, embora importante, não deve sobrepor-se à liberdade que os portugueses conquistaram depois da última vaga de Covid-19.

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Filipa Matias Pereira
31/05/2021 23:48 ‧ 31/05/2021 por Filipa Matias Pereira

Política

Covid-19

Miguel Sousa Tavares lançou 'farpas' ao Governo, esta segunda-feira, pela forma como a presença dos adeptos da final da Liga dos Campeões foi gerida. Acredita o comentador que, ou o Executivo foi enganado pela UEFA, ou enganou os portugueses. 

No habitual espaço de comentário na antena da TVI, o jornalista começou por esclarecer que se sente legitimado para criticar o Governo porque admitiu, anteriormente, que era contra "a realização da final no [estádio do] Dragão porque já estava à espera que acontecesse isto" e porque não consegue "compreender que o Governo tenha uma lei para os portugueses e uma para os estrangeiros. Não consigo compreender que o turismo passe à frente de tudo e que não haja limites e foi disso que se tratou"

O escritor foi ainda mais longe e defendeu mesmo que "há uma diferença entre um país que tem uma vocação turística e um país que age como se tivesse prostituição turística, do ponto de vista legal, e foi isso que aconteceu no Porto". 

Apesar de tudo, o comentador político "estava à espera de pior". Previa "mais incidentes do que os que houve" e tal não aconteceu devido à atuação da PSP, que "tem ordens para atuar em relação aos estrangeiros que não tem em relação aos portugueses". 

O Governo, ou foi engando - e devia dizê-lo -, ou então não foi enganado e enganou-nos

Acredita Sousa Tavares que "o Governo, ou foi engando - e devia dizê-lo -, ou então não foi enganado e enganou-nos". Em causa estão os números e os factos deste 'dossiê': "Disseram que eram 12 mil [adeptos], que estavam vacinados, que chegavam e partiam no mesmo dia e que circulavam numa bolha". 

Mas, atirou, "nada disto se verificou. E, ouvindo as explicações do primeiro-ministro, eles [adeptos] vieram porque as fronteiras estavam abertas e a bolha não se pôde cumprir; era de prever. Nós fomos enganados pelo Governo. Não sei é se o Governo foi enganado antes, nomeadamente pela UEFA".

O comentador da TVI reconhece que o turismo é importante para o país, mas não "queremos ter turistas a qualquer preço. A liberdade é mais importante e esta liberdade que temos agora ganhámo-la nós, não foram os ingleses que ganharam por nós". 

Aos olhos de Miguel Sousa Tavares, a "imagem que demos não foi de um país turístico, mas de um país que não tem regras sanitárias". 

Para rematar, o comentador advogou ainda que "o Governo demonstrou falta de respeito perante os portugueses e não pode estar à espera de outra atitude que não seja a correspondente: falta de respeito dos portugueses pelas autoridades". 

Leia Também: "Não correu na perfeição", mas há que "distinguir" Champions de turistas

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