Em declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo considerou que "os interesses em jogo têm de ser muito grandes" para que não haja um recuo naquela lei, perante tantas polémicas e "nebulosas" que a têm envolvido.
"[O primeiro-ministro] deve prestar contas ao país sobre a polémica das polémicas e a polémica das polémicas é a lei dos solos. A lei dos solos é que é a grande polémica das polémicas. É [sobre] isso que ele vai ter de prestar declarações e explicações, mas não é só o primeiro-ministro. É o primeiro-ministro, é o Chega, é a Iniciativa Liberal, é o CDS e é o Partido Socialista. São os responsáveis pelas alterações à lei dos solos, que é esta lei que está, pelos vistos, a gerar tanta polémica" considerou.
Paulo Raimundo, que falava aos jornalistas à margem de uma iniciativa do PCP de contacto com utentes e trabalhadores do Hospital de Braha, sustentou que, cada dia que passa, aparece "mais uma figura pública associada, direta ou indiretamente, ao ramo do imobiliário, e disse que, com a lei dos solos, "está aí um belo negócio".
"Os interesses em jogo têm de ser de facto muito grandes para, perante estas polémicas todas, perante estas nebulosas, isto não recuar", considerou.
Sobre facto de o líder do Chega, André Ventura, ter admitido propor uma comissão de inquérito para esclarecer dúvidas sobre a empresa do primeiro-ministro, Paulo Raimundo disse que não alimenta "fugas para a frente de outros".
"Esse partido vai inventar, hoje é isso, amanhã outra coisa qualquer, para que se fale de tudo menos dos seus próprios problemas. Se nós fôssemos pedir uma comissão de inquérito por cada vez que é preciso alguém explicar alguma coisa, não fazíamos mais nada que comissões de inquérito ao Chega", afirmou.
No entanto, considerou que o primeiro-ministro deve dar explicações.
"Há aspetos da sua vida particular, pessoal, enquanto negociante, por assim dizer, ligado ao negócio, há aspetos que, naturalmente, terá de aprofundar", admitiu.
Mas, para o PCP, o "grande conflito de interesses" reside na alteração à lei dos solos, "que permite acrescentar especulação à especulação, negociata à negociata" e nos partidos que a aprovaram.
"Esse é que é o grande conflito de interesses", rematou.
Na sexta-feira, o Chega apresentou uma moção de censura ao Governo, que foi chumbada pelo PSD, PS, IL, BE, Livre e PAN, com a abstenção do PCP, e que apenas teve os votos favor da sua bancada e do deputado não inscrito Miguel Arruda (ex-Chega).
Apesar deste resultado, o Chega considera que se verificaram "lacunas nas respostas de Luís Montenegro" que "alimentaram críticas sobre a transparência e a potencial existência de conflitos de interesse envolvendo a empresa familiar e as políticas governamentais".
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