"O estado da nação é obviamente preocupante, e é particularmente grave, na minha opinião, o estado da governação", afirmou o líder parlamentar centrista.
Telmo Correia falava à agência Lusa no âmbito do debate sobre o Estado da Nação, na quarta-feira, no parlamento, e salientou que "há um problema" com "a liberdade e com a democracia" em Portugal, considerando que "isso são questões que terão de passar por este debate".
"Existem limitações sérias de liberdade, existem limitações de democracia, existem limitações ao próprio escrutínio que o parlamento sempre teve em relação ao Governo. Há um Governo que parece fechado em si mesmo, há ministros que já deviam ter saído há muito tempo e que só por teimosia dos próprios não saem", defendeu o deputado do CDS-PP.
Dando o exemplo do ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, que o CDS já por várias vezes pediu a demissão, o democrata-cristão frisou que "quando um ministro está lá só por teimosia do primeiro-ministro" e "não sai, a responsabilidade passa a ser do primeiro-ministro".
"Mas eu pergunto, como tenho perguntado, onde é que está o primeiro-ministro, onde é que está? Porque no parlamento não está", lamentou Telmo Correia, apontando que antigamente António Costa estava presente na Assembleia da República para os debates quinzenais e "de 15 em 15 dias o parlamento fazia perguntas ao primeiro-ministro e escrutinava o trabalho do Governo, neste momento isso está muito limitado".
Mas as críticas do CDS-PP estendem-se também à justiça, tendo o líder parlamentar falado num "acumular de decisões infelizes", dando como exemplos a polémica em torno da nomeação do procurador europeu ou a "lei que permite continuar a soltar" presos antes do fim das penas "com o argumento da pandemia, quando a pandemia não é um problema já nas cadeias", legislação que o partido propôs revogar.
Sobre a pandemia de covid-19, que também "será obviamente um assunto" no debate de quarta-feira, Telmo Correia sublinhou que o Governo tem feito uma "gestão errática".
"Os erros que cometemos no primeiro desconfinamento, os erros que cometemos em setembro, a forma desastrosa como se lidou com a pandemia em janeiro, levando a que Portugal fosse o pior país do mundo, e agora mais uma vez com esta quarta vaga, em que aqui o erro foi sobretudo a ausência da sequenciação e a ausência da deteção das novas variantes", sustentou.
Sobre o futuro, e sobre a forma como o país vai sair da crise, Telmo Correia considerou que "os sinais do Governo são muito errados".
O debate sobre o Estado da Nação está agendado para quarta-feira, na Assembleia da República, e tem duração prevista de quase quatro horas. O Governo e os partidos com representação parlamentar vão analisar em retrospetiva a última sessão legislativa.
Leia Também: Estado da Nação. BE diz que situação do país "deve preocupar"