Na intervenção de fundo do partido no debate do estado da nação, o líder parlamentar do CDS-PP, Telmo Correia, acusou o Governo de ter cometido erros durante a pandemia quer "por incapacidade de organização", quer pela "ânsia" do PS para a propaganda.
"O PS está cheio de si mesmo e obcecado em apoucar a oposição. Em relação às piadas, não recomendaria muitas sobre os 'dons sebastiões' que vêm de Bruxelas ou de Massamá", afirmou, referindo-se a uma intervenção do secretário-geral adjunto do PS nas jornadas parlamentares do partido, em que fez estas alusões implícitas a Paulo Rangel e Passos Coelho como possíveis sucessores de Rui Rio no PSD.
Telmo Correia aconselhou o PS e o Governo a olharem mais para o Conselho de Ministros e deixou um recado para a situação interna do PS.
"Em matéria de delfins e sucessões, o vosso futuro também não está brilhante: o de Lisboa meteu-se em sarilhos com Moscovo, o outro não descola, está 'ground'...", disse, em referências implícitas a Fernando Medina e Pedro Nuno Santos.
O líder parlamentar do CDS centrou muitas das críticas no ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, e avisou que "se o PS está convencido que tudo pode pelas dificuldades da alternativa, está enganado".
"Em democracia, há sempre alternativa. E um mau Governo - como este - acabará por ser substituído, por vontade do povo", afirmou.
Também na fase das intervenções dos partidos, a porta-voz do PAN, Inês Sousa Real, considerou que "há ainda muito a fazer" para combater os interesses que capturam o Estado enquanto "o investimento estrutural no SNS continua fechado na gaveta".
"Este estado da nação é uma bola de neve para a qual o Governo nos tem empurrado e onde se percebe que há ministros intocáveis", criticou, falando.
Pelo Partido Ecologista "Os Verdes", o líder parlamentar José Luís Ferreira considerou se a pandemia mostrou "a importância da resposta de um Estado social forte e robusta", também acentuou as desigualdades.
"Mesmo em tempos de pandemia, as grandes empresas continuam a distribuir dividendos como quem atira milho aos pombos, à mão cheia", criticou.
O deputado único e líder do Chega, André Ventura, aproveitou o pouco tempo que lhe restava para deixar um aviso ao primeiro-ministro.
"Não pense que o seu Governo é eterno, nem pense que o seu consulado é eterno", disse, prevendo que este será "o último ano" em que António Costa falará no debate do estado da nação.
Pela Iniciativa Liberal, o deputado único João Cotrim Figueiredo defendeu que este debate demonstrou que "o Governo é incapaz de assumir erros e irresponsabilidades", ao considerar que "lidou perfeitamente com a pandemia".
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