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Dos impostos ao valor do passe e à habitação: o duelo na corrida a Lisboa

Fernando Medina e Carlos Moedas, candidato socialista e social-democrata na corrida à Câmara Municipal de Lisboa, participaram esta terça-feira num frente a frente, transmitido pela TVI, onde discutiram os temas da mobilidade, da habitação, mas onde também não faltaram a troca de acusações sobre as suspeitas na Câmara.

Dos impostos ao valor do passe e à habitação: o duelo na corrida a Lisboa
Notícias ao Minuto

21:28 - 07/09/21 por Tomásia Sousa

Política Autárquicas

Fernando Medina garantiu, esta terça-feira, no frente a frente com Carlos Moedas, na TVI, que vai denunciar "todas as tentativas de aproveitamento político" em torno dos casos judiciais que envolvem a Câmara Municipal de Lisboa.

Sobre as suspeitas que recaem sobre o vereador do urbanismo Manuel Salgado, Medina realçou que "não há ninguém acusado de nenhum crime, ninguém pronunciado por nenhum crime, nem sequer julgado".

Durante o debate que opôs os dois candidatos à presidência da Câmara Municipal de Lisboa nas próximas eleições autárquicas, o atual presidente afirmou que o seu papel é "colaborar nas investigações", mas defendeu que não se deve "transformar suspeitas em investigações".

"Não se deve transformar aquilo que é no que não é", afirmou.

O duelo, marcado por constantes trocas de acusações, subiu de tom quando Carlos Moedas (coligação PSD/CDS-PP/PPM/MPT/Aliança) acusou o autarca de falta de ética ao colocar no número dois da sua lista uma arquiteta que tem um contrato com a Câmara. Medina defendeu, por seu lado, que "sendo eleita vereadora do urbanismo, como a lei aliás prevê, [Inês Lobo] terá de deixar de ter qualquer atividade de natureza privada" e acusou mesmo o adversário de ser "baixo" ao trazer o tema para discussão.

O tema da habitação também aqueceu o debate. Moedas apontou a questão como um dos "maiores falhanços de Medina" e voltou a defender que os jovens até aos 35 anos fiquem isentos de IMT na compra de um imóvel. 

Já o candidato socialista içou a bandeira do arrendamento e classificou a proposta do adversário como "um pequeno descontinho" que "não vai fazer a diferença" para a classe média.

Acusado de não ter ideias para o futuro da cidade, Moedas aponta que o programa de Medina é a "repetição do que ele não fez. Fernando Medina é que não tem ideias para Lisboa".

Para Carlos Moedas, Medina é "um ótimo diretor de marketing". Para Fernando Medida, Moedas é "um camaleão", sem qualquer ideia para o futuro da cidade.

As eleições autárquicas realizam-se em 26 de setembro.

Fique com os principais destaques do frente a frente:

Habitação

"A habitação é um dos maiores falhanços de Medina", começou por apontar Carlos Moedas, recordando que o autarca "prometeu seis mil casas e não cumpriu" e defendendo a compra para os mais jovens.

Sobre a proposta do PSD de isentar os jovens até aos 35 anos do IMT na compra de habitação, o candidato da coligação Mais Lisboa (PS/Livre) à presidência da Câmara defendeu que "um pequeno descontinho relativamente ao preço de casas que praticamente ninguém na classe média consegue comprar" não vai fazer a diferença, nem "resolve problema nenhum".

O autarca recordou o valor de entrada que seria necessário para adquirir um imóvel de 250 mil euros. "Uma casa de 250 mil euros precisará de uma entrada de 40 ou 50 mil euros. Quem tem 40 ou 50 mil euros para dar de entrada?"

"Isso é solução para quem?", questionou.

"A resposta sobre a habitação é prosseguir o esforço de investimento em promoção de iniciativa pública com rendas que sejam, no máximo, 30% do rendimento líquido" com "casas a arrendar e não a comprar", defendeu.

O candidato socialista recusou ainda estabelecer tetos máximos para as rendas e defende que "não devíamos voltar a essa política", oferecendo antes alternativas aos preços de mercado.

"O Fernando é um ótimo diretor de marketing", acusou Carlos Moedas, referindo que Medina fala do programa de renda acessível "como se ele tivesse resultado".

Mobilidade

Questionado sobre a limitação à entrada de automóveis na cidade, o atual autarca defende que "já existem muitas taxas" e fala num reforço dos transportes para fora do município.

"O que eu acho notável é que um candidato, no ano de 2021, não ter uma palavra sobre a redução de emissões dos transportes, que é a maior fonte de emissões na cidade de Lisboa", afirma, dirigindo-se ao candidato-social democrata.

Em resposta, Carlos Moedas fala na promessa de "parques dissuasores" à saída de Lisboa, que Medina prometeu, mas "não fez".

Vemos Fernando Medina a falar sobre futuro como se o passado tivesse sido extraordinário"

Moedas sublinha ainda que é "contra mais taxas" para entrar na cidade.

A questão das ciclovias também opôs os dois candidatos. Para o candidato da coligação 'Novos Tempos', Lisboa não tem ciclovias de qualidade, nem oferecem segurança. "Em 2019 morreram 26 pessoas nas ciclovias", garantiu.

"Onde? Em Lisboa?", questionou Medina, duvidando dos números, e acusando Moedas de ser "camaleão" em matéria de mobilidade, querendo ser simpático com as pessoas que defendem a promoção da utilização do automóvel, mas querendo "parecer moderninho" ao mesmo tempo.

Para o candidato socialista, "a mobilidade ciclável é absolutamente essencial" em Lisboa.

Passe social

Fernando Medina: "Sobre a questão fundamental, nós fizemos uma reforma, da maior importância social e ambiental, que foi a redução do passe único. E agora, a redução que é proposta, que é errada, não trará ninguém a mais para o transporte coletivo porque já não é o preço que inibe alguém de entrar, e é bem exemplificativa daquilo que é o programa do PSD. É mais uma bola de Natal."

Carlos Moedas: "É importante que as pessoas não paguem os transportes públicos até aos 23, para que ganhem esse hábito de andar nos transportes públicos, e obviamente os mais velhos, com mais de 65 anos."

Fernando Medina: "Qual era o valor do passe social para os mais velhos, antes de eu ser presidente da Câmara?"

Carlos Moedas: "O Fernando Medina é extraordinário, eu é que tenho de responder às perguntas."

Metro de Lisboa

Carlos Moedas: "Temos a pior rede de transportes públicos da Europa. O metro não vai até à porta das pessoas, temos de esperar imenso tempo por um autocarro."

Fernando Medina: "Houve muita pressão da Câmara para fazer a linha circular e o alargamento do metro para a zona ocidental. As obras [da expansão para a zona oriental] estão inscritas no PRR para finalizar até 2026." 

Impostos

Carlos Moedas: "Vou devolver 32 milhões de euros às pessoas e isentar o IMT aos jovens. As pessoas estão cansadas de ter de pagar tantos impostos na cidade."

Fernando Medina: "A Câmara de Lisboa é a câmara, na área metropolitana, que tem as taxas mais baixas. A boa gestão foi o que nos libertou verbas para o programa municipal de combate à pandemia e sem aumentar a dívida (...). Não abdico de uma Câmara com contas certas."

Suspeitas que envolvem a Câmara

Carlos Moedas: "Não são casos, nem casinhos, são temas muito sérios. A democracia implica escrutínio e aquilo que tenho feito com Medina é escrutínio. Se eu, como candidato, não faço esse escrutínio, quem é que o faz?"

Fernando Medina: "Temos tido uma postura institucional correta. Queremos que as investigações decorram com celeridade e vamos colaborar. Não há ninguém acusado, pronunciado nem julgado por nenhum crime. O meu papel é diligenciar para que todas as irregularidades sejam apuradas."

[Notícia atualizada às 23h38]

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