O atual presidente da Câmara de Lisboa e recandidato ao cargo, Fernando Medina, deu uma entrevista ao jornal espanhol El País, onde admitiu querer congelar o alojamento turístico para combater o défice habitacional e garantiu implementar um programa de arrendamento acessível para os jovens e classe média.
Antes da entrevista propriamente dita a Fernando Medina, o jornal começa por recordar que Portugal realiza as suas eleições Autárquicas no próximo domingo, dia 26 de setembro, e que uma das principais questões que têm sido debatidas entre os candidatos de Lisboa é a do desequilíbrio entre salários e rendas.
Já nas perguntas/respostas, uma das questões que surge é se ‘Lisboa vai ficar sem lisboetas’. Ao que o socialista respondeu que “não”, justificando que os problemas de habitação de Lisboa “são comuns a muitas cidades em redor do mundo”. Apesar disso, prometeu que a autarquia já está a dar “respostas” a este problema.
“Vamos construir ou reabilitar casas em terrenos de propriedade da Câmara ou comprados ao Governo Central para alugar a jovens e famílias de classe média por um preço que não excede um terço dos rendimentos. Se uma família ganha 1.500 euros, paga no máximo 450 euros. Nesse programa, o valor da renda não depende dos preços do mercado, mas sim da capacidade de pagamento. Definimos 30% porque esta é considerada uma taxa de esforço adequada para as pessoas ficarem com algum dinheiro. Já disponibilizámos 1.200 casas de rendas acessíveis”, argumentou Fernando Medina.
Entre as razões que levaram à falta de casas para compra ou arrendamento em Lisboa, o candidato reconhece que o crescimento do turismo deu um grande “contributo” para esse problema, apesar de, até certa altura, ter sido positivo.
“No início da expansão do turismo, o alojamento turístico ajudou a reabilitar o centro histórico da cidade e as famílias proprietárias dos imóveis a terem uma rentabilidade que lhes permitisse reabilitar e responder à procura turística. Com o passar do tempo, ocorreu a industrialização do setor e os imóveis começaram a sair do mercado de arrendamento permanente para hospedagem turística”, explicou, recordando que a pandemia deu uma lição muito clara neste sentido.
“Agora que o turismo está em baixo, deixamos ao mercado um alerta claro: Quando o turismo recuperar, não queremos os problemas de antes da pandemia. O equilíbrio entre a oferta turística e a habitação deve ser mantido”, esclareceu Medina.
Já sobre ser apontado como sucessor de António Costa, no cargo de primeiro-ministro e secretário-geral do PS, o autarca garantiu que não entrou na corrida pela liderança da Câmara de Lisboa com o objetivo de atingir outros fins.
“Já disse muito claramente que a minha candidatura à Câmara Municipal de Lisboa não é um passo para seguir para outro lugar. Quero ser presidente da Câmara de Lisboa e cumprirei o meu mandato até ao fim. Não há circunstância política na vida do partido ou na vida do país que me faça desistir de cumprir o mandato até ao fim se eu receber a confiança dos eleitores”, atirou.
Leia Também: Habitação a preços acessíveis é "grande prioridade no próximo mandato"