Em declarações aos jornalistas no final de uma reunião com o presidente da Assembleia da República sobre o cenário de eleições antecipadas, Telmo Correia afirmou que o primeiro-ministro "tem muito pouco a dizer ao país", porque não lhe parece "muito possível, nem muito viável" que, depois das eleições, possa "voltar a falar com os parceiros" que ameaçam 'chumbar' o Orçamento do Estado.
"O doutor António Costa, neste momento, não tem uma alternativa, porque a única coisa que ele tem para dizer ao país é que está fechado na possibilidade de governar à esquerda", criticou o centrista, afirmando que o primeiro-ministro "regressou à casa de partida" e tem "o caldo completamente entornado com os seus parceiros, seja com o PCP, seja com o BE, portanto não tem solução".
Considerando que "é preciso que haja uma alternativa política de centro-direita e de direita para ser apresentada ao país" e que "os dois partidos que são os partidos de governação nessa área política" vão ter eleições internas em breve, Telmo Correia salientou que "é importante que essas escolhas sejam feitas e que a seguir se realizem as eleições".
O líder parlamentar frisou que "será necessário que uma alternativa política se possa afirmar e possa apresentar-se perante o país".
"Tendo nós um congresso eletivo com processo a decorrer, com eleição de delegados já este fim de semana e escolhendo o CDS uma direção e também uma linha política, um programa de candidatura no dia 28 de novembro, é útil que esse programa tenha um espaço para a sua afirmação e a sua apresentação ao país", acrescentou.
Quanto à data para as eventuais eleições antecipadas, Telmo Correia recusou que se realizem na altura do Natal, e defendeu que "a partir do final de janeiro, a partir do final de fevereiro, em normalidade poder-se-iam realizar as eleições".
Quanto ao funcionamento do parlamento, o democrata-cristão adiantou que, caso o orçamento seja rejeitado já na votação na generalidade, na quarta-feira, a conferência de líderes vai reunir-se na "quinta-feira de manhã", adiantou o deputado.
"Cada partido deve colocar aquilo que é prioritário em cima da mesa. Enquanto não houver dissolução, a Assembleia poderá resolver, poderá decidir, poderá concluir processos legislativos ou outros que tenham natureza prioritária. A partir daí normalmente reduzirá a mínimos o seu funcionamento", apontou.
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