O antigo ministro salientou que "este congresso já estava marcado e as datas que foram escolhidas dentro de quatro semanas são perfeitamente compatíveis com a marcação de eleições, venha a acontecer essa marcação em janeiro ou em fevereiro".
Por isso, "a possibilidade de um adiamento do congresso é sobretudo um ato de incoerência de quem já tinha marcado este congresso e de quem apela sistematicamente à liberdade de escolha dos cidadãos, na educação, à liberdade na saúde, à liberdade na segurança social, para depois, quando é o seu poder e aquilo que o seu poder representa que pode estar em causa no partido, sonegar a liberdade de escolha aos militantes do CDS a liberdade de poderem decidir com que presidente e com que direção querem ir a eleições", prosseguiu António Pires de Lima.
"A segunda [nota] que eu queria deixar é de que vitoriazinha em vitoriazinha o presidente do partido arrisca-se a ir até a uma grande derrota final porque só um congresso podia realmente, de uma forma democrática, transparente, clarificar a situação do partido e unir o partido em função do líder que viesse a ser ganhador", salientou.
"Só o medo e a falta de transparência podem explicar este desejo de adiamento e eu espero que no final do Conselho Nacional do dia de hoje se, eventualmente, o dr. Francisco Rodrigues dos Santos acumular mais uma vitória no Conselho Nacional que provoque o adiamento, haja junto de Francisco Rodrigues dos Santos algum conselheiro com lucidez de Pirro que possa dizer: 'Francisco, mais uma vitória destas e estaremos perdidos, o CDS estará perdido'", sublinhou Pires de Lima.
Para o antigo dirigente centrista, o adiantamento do congresso e a incapacidade de se clarificar aquilo que são as diferenças de projeto no congresso antes das próximas eleições legislativas dá um péssimo exemplo ao país de falta de democracia no CDS e retira legitimidade ao líder atual".
Por isso, "aquilo que desejaria é que Francisco Rodrigues dos Santos, à semelhança daquilo que aconteceu com Paulo Portas em 2002, numa circunstância idêntica quando o parlamento também foi dissolvido, não tivesse medo, não se refugiasse em comportamentos não democráticos, que respeitasse o congresso, defrontasse Nuno Melo perante os militantes.
E então, "se ganhar, será o líder" por legitimidade do partido, e "se perder, perderá de cabeça erguida, cumprindo aquilo que é a tradição democrática do CDS", rematou António Pires de Lima.
Na quinta-feira, o presidente do CDS-PP, Francisco Rodrigues dos Santos, solicitou a convocação de uma reunião urgente do Conselho Nacional, órgão máximo entre congressos, para "deliberar sobre a realização" do congresso eletivo do partido, marcado para o final de novembro.
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