Depois de, na sexta-feira, Nuno Melo ter anunciado que o Conselho Nacional de Jurisdição do CDS tinha aceitado o seu pedido de impugnação do Conselho Nacional que, apesar disso, decorreu esta noite, o candidato à presidência do partido divulgou uma nota na rede social Facebook na qual afirma que "o que sucedeu nunca foi visto no CDS em 47 anos de história".
Segundo Nuno Melo, o Conselho Nacional de sexta-feira foi um "simulacro de deliberação", que violou a "decisão do Tribunal do partido" e passou "por cima da nulidade declarada", tendo sido promovido por um "presidente do Conselho Nacional que tomou decisões premeditadamente ilegais e foi obscenamente arbitrário na conduta".
O candidato à presidência do partido afirma ainda que, ao adiar o Congresso onde teriam lugar as eleições diretas para a liderança do CDS, a direção, liderada por Francisco Rodrigues dos Santos, "fugiu aos votos" por "saber que o perderia, apenas para se poder apresentar em eleições legislativas já fora de mandato".
"Quem foge aos votos dos militantes, violando a lei, não merece o respeito do partido, nem a confiança dos eleitores. Está em causa neste momento a legalidade e a decência num partido que foi sempre o meu, fundador da democracia em Portugal", frisa Nuno Melo.
Abordando a audiência desta tarde que o líder do partido, Francisco Rodrigues dos Santos, irá ter com o Presidente da República, Nuno Melo reitera que o CDS "é parte fundamental do sistema democrático" a apela para que Marcelo Rebelo de Sousa "tenha noção do que aconteceu e releve suficientemente o golpe institucional" que o "CDS viveu".
Em declarações aos jornalistas na quinta-feira à noite, à margem da reunião da Comissão Política Nacional, Nuno Melo questionou a antecedência com que foi convocada a reunião do Conselho Nacional, de um dia para o outro, defendendo que teria de ser "convocado com pelo menos 48 horas de antecedência", e anunciou que iria impugnar a convocação da reunião.
Na sexta-feira, o Conselho Nacional de Jurisdição deu razão ao candidato à liderança do CDS, considerando "nula e sem qualquer efeito a convocatória do Conselho Nacional", segundo um documento a que a Lusa teve acesso.
Depois de conhecida esta decisão, o presidente do Conselho Nacional do partido, Filipe Anacoreta Correia admitiu a realização de uma nova reunião do órgão máximo do partido entre congressos para ratificar as decisões tomadas nesta reunião e afastar dúvidas quanto à legalidade.
Na sequência da reunião do Conselho Nacional, o ex-secretário de Estado Adolfo Mesquita Nunes anunciou a sua desfiliação do partido, considerando que "o CDS das liberdades deixou de existir".
Entretanto, o militante do CDS Manuel Castelo-Branco, filho de uma das vítimas das FP-25, também anunciou a sua desfiliação do partido através de uma publicação no Facebook na qual diz que se revê em "tudo aquilo" que disse Adolfo Mesquita Nunes e que "assume" sua "orfandade ao projeto".
O líder da distrital de Lisboa do partido, João Gonçalves Pereira, também se insurgiu contra o Conselho Nacional, defendendo, através do Facebook, que o que aconteceu é "indescritível e inaceitável" e que os "militantes terão que fazer uma opção entre aqueles que defendem a democracia e outros que praticam -- sem nenhuma vergonha! -- a subversão das regras mais essenciais da democracia".
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