Nas bancadas do PS e CDS-PP não haverá disciplina de voto, mas as 'indicações' dadas pelas direções parlamentares são opostas: enquanto no PS foi dada indicação de voto favorável, no CDS-PP há uma "orientação firme de voto contra".
Em maio de 2013, quando o projeto de lei do PS foi votado na generalidade, foi nestas três bancadas parlamentares que se verificou alguma dispersão de votos.
Na bancada do PS a maioria votou a favor, mas três deputados socialistas optaram pela abstenção e dois parlamentares votaram contra. No PSD a maioria votou contra, com 16 deputados a votarem favoravelmente e 3 a absterem-se. Na bancada do CDS-PP o voto majoritário foi contra, com três abstenções.
Nas bancadas mais à esquerda - PCP, BE e PEV - houve unanimidade no voto a favor.
Ao todo, na generalidade, o projeto de lei que tem como primeira subscritora a deputada socialista Isabel Moreira, teve 99 votos a favor, 94 contra e nove abstenções.
Entretanto, após a votação na generalidade, o processo legislativo acabaria por ser suspenso em outubro, depois do grupo parlamentar do PSD ter anunciado que iria propor a realização de um referendo sobre a coadoção de crianças por cônjuges ou unidos de facto do mesmo sexo e a adoção por casais do mesmo sexo, casados ou unidos de facto.
O PS ainda apresentou um requerimento de avocação para que se procedesse à discussão e votações na especialidade e final global do diploma socialista, mas a maioria PSD/CDS-PP chumbou o pedido, motivando trocas de acusações de "falta de lealdade democrática" entre sociais-democratas e socialistas.
A proposta de referendo foi mesmo para a frente, embora a matéria não tenha sido pacífica dentro do próprio PSD, que impôs disciplina de voto na altura da votação do diploma em plenário, aprovado com 103 votos favoráveis do sociais-democratas, 92 votos contra e 26 abstenções.
No final, a direção da bancada acabou por registar uma 'baixa', com a demissão da vice-presidente do grupo parlamentar Teresa Leal Coelho do cargo, que inclusivamente não esteve presente no plenário aquando da votação da matéria.
Conforme estabelece a Constituição, a proposta de referendo foi depois enviada pelo Presidente da República pelo Tribunal Constitucional para verificação da constitucionalidade.
Foi já no final de fevereiro que os juízes do Palácio Ratton declararam a inconstitucionalidade das perguntas apresentadas pelos sociais-democratas: "Concorda que o cônjuge ou unido de facto do mesmo sexo possa adotar o filho do seu cônjuge ou unido de facto? Concorda com a adoção por casais, casados ou unidos de facto, do mesmo sexo?".
O caminho voltou, assim, a ficar 'aberto' para o retomar do processo legislativo suspenso em outubro, com a comissão de Assuntos Constitucionais a agendar a votação final global do diploma socialista para esta sexta-feira de manhã.
Entretanto, o PSD continua a remeter para depois das eleições europeias uma decisão sobre a proposta de referendo, não tendo ainda afastado por completo a possibilidade de voltar a representar uma proposta de consulta popular.