"Esta vai ser uma zona que, em 30 anos, vai estar inundada", pelo que o projeto de construção do aeroporto "vai meter água" e também "afundar muitos dinheiros públicos", defendeu a dirigente do partido Pessoas-Animais-Pessoas (PAN).
Inês Sousa Real começou o terceiro dia de campanha oficial para as legislativas de 30 de janeiro à entrada da Base Aérea n.6 do Montijo, para onde está projetada a construção de um novo aeroporto.
Num ato simbólico, a líder do PAN e alguns apoiantes surgiram com galochas calçadas e, mais tarde, numa passagem pela praia fluvial do Samouco, a poucos metros da base aérea, ainda as molharam nas águas do rio Tejo.
"Portugal é um dos países que vai ser mais afetado pela crise climática e o distrito de Setúbal, em particular, vai ser uma zona que vai ficar alagada com a subida do nível médio das águas", advertiu Inês Sousa Real.
Nesse sentido, defendeu a dirigente do PAN, "é um contrassenso" a construção de um novo aeroporto "num sítio para ficar inundado", mas também por existirem no local "três rotas das aves" e populações.
"Está manifestamente em contraciclo com o combate à crise climática", advertiu, assinalando que a avaliação aeroportuária "não respeitou a recomendação da Assembleia da República para que todas as soluções fossem consideradas, nomeadamente a de Beja".
"Não podemos dizer num dia que queremos promover a coesão territorial e defender o interior e, depois, quando existem alternativas que permitem isso mesmo, rejeita-se completamente as alternativas pelos interesses económicos de privados", disse.
Segundo Inês Sousa Real, o contrato de concessão que existe com a ANA - Aeroportos de Portugal prevê que, no caso de o tribunal não autorizar a construção do aeroporto, uma indemnização "entre 10 mil milhões a 15 mil milhões de euros".
Está previsto este custo para o Estado, realçou, "seja na construção das infraestruturas em Alcochete, porque terá que ser dinheiro público a promover a sua construção, seja com a indemnização que também custará outro tanto".
Questionada pelos jornalistas se viabiliza um Governo do PS que mantenha a intenção de construir esta infraestrutura aeroportuária, a porta-voz do PAN, cujas galochas eram vermelhas, limitou-se a dizer que a cor do calçado representa "uma linha vermelha em relação ao aeroporto".
"Quem traçou esta linha vermelha não foi apenas o PAN. São as próximas gerações e a ciência, são os estudos que de alguma forma nos vêm dizer que não é possível estar a construir aqui um aeroporto porque é uma zona que vai ficar alagada", notou.
O PAN, acrescentou, "deixará bem claro que as soluções aeroportuárias têm que ser pensadas" e que terá que haver uma aposta "na coesão territorial e no respeito pelos valores ambientais" e promover "a ferrovia em detrimento do aeroporto".
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