No seu comentário habitual na SIC Notícias, Ana Gomes começou por falar sobre a necessidade de existir um investimento na segurança dos europeus. "Não podemos continuar dependentes do outro. Mais do que nunca, hoje estamos dependentes da NATO", afirmou, este domingo, utilizando a questão energética como exemplo. "Há 30 anos, a Europa dependia zero do gás natural da Rússia", lembrou.
Para além de sublinhar a dependência da Europa no que diz respeito ao gás natural e ao petróleo, a socialista afirmou ainda que a importação destes recursos financiava "o esforço de guerra de Putin na Ucrânia", apontado valores que rondam os 700 milhões de euros por dia, valores apurados pelo 'think-tank' (laboratório de ideias) Bruegel, em Bruxelas. "Países como Portugal, que até têm menor dependência [...], têm que se fazer ouvir", afirmou, dizendo que estar "a 100%" com a Ucrânia significa "não financiar Putin".
Acerca da rejeição por parte da NATO da criação de uma zona de exclusão aérea na Ucrânia, Ana Gomes defende que esta é uma ideia que tem que "estar em cima da mesa". "Não tenhamos ilusões, na guerra já estamos", continuou a ex-candidata presidencial, quando questionada acerca do peso que esta ponderação pode ter numa eventual declarações de guerra.
"Para que serve uma aliança defensiva como a NATO, se não serve para travar massacres contra populações na Europa?", questionou, sublinhando a "coragem extraordinária" do povo ucraniano, até em zonas russófonas, algo que Putin não esperava, segundo Ana Gomes.
A socialista lembrou ainda a situação em Mariupol, que ontem foi palco de ataques, após Putin ter acordado em abrir um corredor humanitário, que é "uma medida defensiva". "Das populações que estão a ser massacradas, como estamos a ver em Mariupol, e é defensiva em relações a nós próprios", afirmou, lembrando que os alarmes na Europa dispararam por todo o continente quando houve um incêndio junto à maior central nuclear da Europa, em Zaporizhzhya.
Ainda quanto às sanções que estão a ser aplicadas na Rússia, Ana Gomes diz que este é um ponto no qual a Europa "não pode falhar". "Há recomendações do próprio parlamento britânico que este governo, e sucessivos governos conservadores, não têm sido aplicados porque eles são os primeiros a estarem capturados pelo dinheiro russo", afirmou, sublinhando que outros países "incluindo o nosso, que estão na mesma linha".
"É inexplicável que [Roman] Abramovich, que, hoje, inacreditavelmente é um cidadão português [...] não esteja sequer na lista da União Europeia [....]. Toda agente sabe que ele é o principal financiador de Putin", afirmou, lembrando que também seria importante olhar para outras empresas, imobiliário, vistos gold.
A Rússia lançou na madrugada de 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que, segundo as autoridades de Kyiv, já fez mais de 2.000 mortos entre a população civil.
Os ataques provocaram também a fuga de mais de 1,5 milhões de pessoas para os países vizinhos, de acordo com a ONU.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas a Moscovo.
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