Num almoço-debate organizado pelo `International Club of Portugal´, que decorreu, esta terça-feira, num hotel em Lisboa, André Ventura dirigiu-se diretamente aos empresários que o ouviam para criticar a "falácia" segundo a qual "o que os empresários querem é que isto esteja calmo, para poderem fazer os seus negócios".
"Nós podemos às vezes pensar que, no imediato, vendermo-nos ao poder traz-nos mais vantagens, podemos pensar que não levantar ondas num determinado momento agrada mais e deixa-nos a todos com uma sensação falsa de sermos uma família e de estarmos em estabilidade. Mas não tenham dúvidas sobre isto: nós estamos a caminhar para o precipício, estamos a caminhar para uma ruína de onde não sairemos tão depressa", declarou.
Ventura considerou que é uma "tarefa difícil" mudar um país em que "uma grande parte da classe empresarial está dependente do Estado e das autorizações" e em que muitos têm "familiares, amigos conhecidos" que, "de uma forma ou outra", estão ligados ao "polvo enorme que se tornou o Estado português".
No entanto, o líder do Chega considerou que, depois de "décadas", "agora há uma alternativa" ao poder socialista - incorporada pelo seu partido -, afirmando que a maioria absoluta conquistada pelo PS "não é a maioria absoluta dos que estão de acordo com António Costa, é dos que se deixaram convencer que não havia outro caminho".
No entender de Ventura, a melhor oportunidade para o seu partido conseguir "fazer o caminho que quer fazer" será nas próximas eleições legislativas e presidenciais, que qualificou como "dois grandes momentos que o regime vai enfrentar", apelando a que os empresários tenham a capacidade "de cortar".
"Estes próximos quatro anos vão ser os anos do nosso projeto. Não tenham dúvidas de que o que vai acontecer daqui para quatro anos, vai ser uma ascensão cada vez maior daquilo que é o bloco da oposição. A seguir a todas as maiorias absolutas da nossa história, o bloco oposto cresceu sempre, invariavelmente, e assim acontecerá com o Chega também", perspetivou.
Projetando o futuro do seu partido, Ventura sublinhou que o Chega "nunca" vencerá eleições em Portugal ou será capaz de "mudar o paradigma" se não entrar nos "eleitorados nacionais que a esquerda tem", apelando a que deixe "cair a ideia de que certos temas são de esquerda", dando o exemplo do emprego ou da segurança.
"Este país não é dos socialistas, eles querem fazer crer que sim, mas este país ainda nos pertence a nós. E enquanto este corpo tiver vida e sangue, eu lutarei até ao fim para que os socialistas deixem de ser Governo em Portugal", concluiu André Ventura, com o conjunto da plateia a levantar-se de pé para o aplaudir.
No final do discurso, o presidente do `International Club of Portugal´, Manuel Ramalho, afirmou que os associados "costumam ser muito mais comedidos nos aplausos aos oradores".
"O nosso clube tem já mais de 15 anos de existência, foram muitos e muitos os milhares de pessoas que passaram por aqui, uns associados outros não, oradores de quase todas as geografias e de todas as áreas - economia, ciência, política, corpo diplomático, etc. - mas aplausos de pé, desde o dia em que o Jorge Jesus (ex-treinador do Benfica) foi o nosso orador, eu não via. Não sei se isso vai ou não repercutir nos próximos atos eleitorais. Mas registamos", disse.
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