Liderança do RIR. "Eu nunca criei o partido para ser o partido do Tino"

Reagir, Incluir, Reciclar (RIR) anunciou na terça-feira, através da porta-voz, a realização de eleições e a saída de Vitorino Silva da liderança. Ao Notícias ao Minuto, o fundador do partido falou sobre o seu atual contexto político.

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Ema Gil Pires
13/04/2022 14:19 ‧ 13/04/2022 por Ema Gil Pires

Política

RIR

O até agora presidente do Reagir, Incluir, Reciclar (RIR), Vitorino Silva, confirmou, em declarações ao Notícias ao Minuto, que não se vai recandidatar à liderança do partido. No entanto, garantiu que nunca abandonará "a política" ou o próprio RIR, garantindo que continuará a ser militante.

A decisão, que esclareceu ter sido "política", foi tomada depois de "dois ou três membros" da Direção Política Nacional do partido terem demonstrado vontade para a realização de um "congresso eletivo" ainda este ano, embora aquilo que estaria previsto era a existência de um "congresso não eletivo". "O RIR tem congressos de dois em dois anos, havendo um congresso eletivo de quatro em quatro", explicou Vitorino Silva, que tinha sido eleito presidente da estrutura há dois anos.

Neste sentido, o também vereador da Câmara Municipal de Penafiel garantiu que não vai ser novamente "candidato à presidência" do próprio partido que fundou, nem vai "apresentar nenhuma lista para a presidência da direção". "Porque a partir do momento em que fui eleito para quatro anos e há vontade de várias pessoas no sentido da realização de um congresso eletivo, eu respeito absolutamente" tal posição, disse.

Para que o congresso pudesse acontecer, a Direção Política Nacional teria de "pedir a demissão", esclareceu. E foi precisamente isso que aconteceu, com o mesmo a estar já marcado para dia 21 de maio. 

O RIR é um partido democrático, não é um partido de um homem só e, por isso, é natural que comecem a aparecer outras pessoas, pessoas muito válidas

A recandidatura à liderança não surge, agora, porque, na sua perspetiva, "não faz sentido". "Talvez por ser um político diferente", explicou. "Eu vejo muita gente a demitir-se e depois a ir a votos outra vez", referiu Tino de Rans, que garantiu não ter intenções de fazer o mesmo.

"O RIR é um partido democrático, não é um partido de um homem só e, por isso, é natural que comecem a aparecer outras pessoas, pessoas muito válidas", referiu ainda Vitorino Silva ao Notícias ao Minuto. "Eu nunca criei o partido para ser o partido do Tino", prosseguiu.

Apesar desta sua decisão, o antigo candidato à Presidência da República garantiu que será "sempre o braço direito, o braço esquerdo e a alma do partido". Isto porque, assegurou, não deixa a liderança "zangado com o partido, nem zangado com ninguém. "Da mesma forma que criei o partido feliz, também saio feliz de presidente do partido" - embora volte a reforçar que pretende continuar a dar o seu contributo enquanto militante.

Questionado acerca da possibilidade da até agora vice-presidente do RIR, Márcia Henriques, vir a ser a sua sucessora na liderança, Vitorino Silva disse estar "muito contente" pelo facto das "pessoas acreditarem no partido e quererem dar o seu contributo". "Toda a gente sabe que gosto muito da Márcia, mas também gosto dos outros militantes", acrescentou ainda.

Acreditando "que qualquer que seja o próximo presidente possa fazer muito melhor" do que ele próprio, o também vereador disse abandonar a liderança do partido "com a mesma liberdade" com que o criou.

Acerca do que o futuro lhe reserva, o até agora líder do RIR explicou ao Notícias ao Minuto: "Neste momento, a cultura requisitou-me à política". Vitorino Silva disse ter "projetos culturais" que deixou a meio e que quer "terminar", devendo ser essa uma das suas principais apostas.

Eu, para ir a votos, não preciso de ser presidente da Direção Política e é ponto assente que, no futuro, vou a votos

Porém, deixa ainda uma garantia aos eleitores portugueses. "Eu para ir a votos não preciso de ser presidente da Direção Política e é ponto assente que no futuro vou a votos", esclarece, ao mesmo tempo que assegura que "o povo português sabe" que ele ainda tem "muito para dar ao país, sendo presidente do partido ou não". 

Na terça-feira, a vice-presidente do partido, Márcia Henriques, tinha já explicado ao Notícias ao Minuto que depois do resultado eleitoral das legislativas passadas, a Direção Política Nacional do partido tinha decidido pedir a marcação de um congresso eletivo, que está já marcado para 21 de maio. Isto porque a Mesa da Assembleia nunca aceitou fazê-lo. Assim sendo, para que o tal congresso pudesse acontecer, quatro elementos da Direção Política Nacional terão colocado o seu lugar à disposição.

No dia anterior, o partido tinha anunciado que esperava que o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, recebesse em Belém a nova Direção Política Nacional do RIR resultante desse mesmo congresso, à "semelhança" do que aconteceu com Nuno Melo e o CDS-PP.

Leia Também: Oliveira sugeriu a PSD aliança com Tino de Rans antes de desistir de Gaia

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