Têm faltado "força e vontade" da diplomacia para resolver conflito

A coordenadora do BE considerou hoje no Porto que tem faltado "força e vontade" da diplomacia internacional para solucionar a guerra na Ucrânia, alertando para os riscos de um conflito nuclear naquela região da Europa.

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Lusa
24/04/2022 17:44 ‧ 24/04/2022 por Lusa

Política

Ucrânia

Questionada pelos jornalistas no Cinema Trindade, no Porto, sobre as viagens do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, a Moscovo e Kiev durante a próxima semana, a coordenadora do BE disse que "o que tem faltado é a força e a vontade da diplomacia internacional" para trilhar o caminho para a paz.

"Vejo que há, do ponto de vista das elites internacionais e europeias, um enorme apetite pelos novos negócios de armamento e pelos novos negócios de combustíveis fósseis. Tem faltado a vontade diplomática para uma solução", acrescentou.

Questionada também sobre a ordem das visitas de Guterres (Moscovo na terça-feira e Kiev na quinta), adiantou que "desde que haja um plano para que haja uma retirada imediata das tropas russas, e se construir um caminho de paz, usar-se a abertura do presidente Zelensky para a posição de neutralidade da Ucrânia, estão criadas as bases, pela própria Ucrânia, para um caminho".

Catarina Martins alertou ainda para uma eventual escalada na guerra, advertindo que "se não houver um caminho diplomático" e o conflito se tornar "interminável", está-se "num momento, numa situação e numa geografia" em que "o risco é mesmo de guerra nuclear".

Já sobre a ausência de deputados do PCP na sessão parlamentar em que foi ouvido o Presidente ucraniano Volodymyr Zelensky, a coordenadora bloquista disse não comentar outros partidos, afirmando que "uma das grandes virtudes da democracia é precisamente haver liberdade e pluralidade na forma como encaramos todos os momentos, até este".

Ainda assim, não deixou de expressar uma ideia sobre a sessão parlamentar.

"Eu acho que nós não devemos confundir a natureza e o quadro ideológico em que se move o presidente da Ucrânia com a nossa responsabilidade de termos uma enorme solidariedade com o povo ucraniano e com a resistência do povo ucraniano, que está a resistir a uma invasão", afirmou aos jornalistas.

Assim, "essa solidariedade foi dada no parlamento português ouvindo o Chefe de Estado, neste momento, deste povo que está [a ser] vítima desta invasão e desta guerra".

Catarina Martins falou hoje aos jornalistas antes da exibição do filme "A vida à espera: Referendo e Resistência no Saara Ocidental", no festival Desobedoc, que também serviu para homenagear o fundador do BE Miguel Portas, que morreu há 10 anos.

"Há talvez uma característica do Miguel que é para nós muito importante em todas as lutas que fazemos: essa é a forma como sempre soube que a cultura é a maneira mais importante de fazermos caminho", disse perante o auditório, já após falar aos jornalistas.

Leia Também: Catarina Martins quer derrota de Le Pen e já pensa no dia seguinte

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