"O mundo mudou. Mas há algo que não mudou: um orçamento em que o Governo continua a demonstrar falta de visão e falta de confiança nas empresas e nas pessoas", declarou Carla Castro na sessão de encerramento da discussão na especialidade da proposta do Orçamento do Estado para 2022 (OE2022), na Assembleia da República.
A liberal acusou o executivo de falta de confiança nas empresas ao não investir "verdadeiramente nas condições do crescimento económico e do tecido empresarial".
Carla Castro considerou que o OE2022 "não as alivia do fardo dos impostos, falha em funções básicas, e acha que o aumento das receitas fiscais pela inflação são melhor aplicados pelo Governo, do que devolvido ao bolso das pessoas".
"Este Governo não tem a ambição de transformar nem reformar e, por isso, este é um mau orçamento. Nós sabemos que a pandemia não foi escolha nossa, nós sabemos que a guerra não foi escolha nossa, nós sabemos que a inflação não foi escolha nossa. Mas sabemos que o Governo poderia escolher uma atitude diferente: o Governo poderia ter escolhido política diferentes!", exclamou.
A deputada frisou que o OE2022 "não contribui para a melhoria das empresas nem do crescimento para as áreas fundamentais, não contribui para o poder de compra das famílias".
"É por isso que este voto no Orçamento do Estado só podia ser um voto contra", anunciou Carla Castro.
A deputada considerou que o "Governo parece ter dois objetivos" com a proposta orçamental: "resistir a fazer reformas e gastar os milhões dos fundos".
"Mas o objetivo do Orçamento do Estado não deveria ser tão pouco ambicioso: preparar o futuro de um país não é resistir à mudança, preparar o futuro não é evitar reformas. Sobretudo, preparar o futuro requer coragem, requer força de vontade, obriga a dar mais importância ao país do que ao partido", criticou.
Para Carla Castro, o OE2022 devia prever "medidas para preparar Portugal para as gerações seguintes" e para um "país virado para o crescimento da economia e não para o crescimento da máquina do Estado".
"Trazer um futuro ao nosso país não é resistir à mudança, e isto ainda menos se justifica quando se está perante o maior volume de fundos de sempre, e ainda menos se justifica quando temos a geração mais formada de sempre", reforçou.
Continuando com as críticas, a deputada liberal disse que, ao não atualizar os escalões de IRS, o Governo está "na prática a aumentar os impostos", numa altura em que, em abril, a inflação "já passou os 7%".
"Temos um governo viciado em impostos, e quem paga o vício são os contribuintes. Na prática está o Governo a dizer que sabe onde se deve gastar o lucro inesperado dos impostos, em vez de repor o dinheiro no bolso das famílias. A Iniciativa Liberal confia mais quer nas empresas, quer nas pessoas", afirmou.
Elencando assim as cinco medidas da Iniciativa Liberal que foram introduzidas na proposta orçamental -- como a "antecipação do estatuto do bolseiro" ou a "melhoria do portal da transparência" --, Carla Castro defendeu que o seu partido contribuiu "para fazer a diferença".
"Em cada uma destas medidas, estão valores liberais, está trabalho, trabalho de que nos orgulhamos. Mas este não é o nosso orçamento e sabe a pouco para o país: é que o país precisava de uma mudança, mas este Governo escolheu resistir", concluiu.
[Notícia atualizada às 12h53]
Leia Também: Tavares destaca "caminho feito" mas pede debate sobre medidas rejeitadas