A vitória de Luís Montenegro frente a Jorge Moreira da Silva na corrida à liderança do PSD foi um dos temas do programa da SIC Notícias 'Linhas Vermelhas', esta segunda-feira. Para Adolfo Mesquita Nunes, tratou-se de uma conquista "bastante expressiva e bastante esclarecedora", o que é "sempre positivo para um líder".
"Vale a pena lembrar que, nos últimos 22 anos, só esteve no Governo oito, sempre com o CDS e sempre em momentos de crise", ressalvou, acrescentando que "a ideia de que PS e PSD alternam entre si os ciclos eleitorais já não está propriamente a verificar-se".
E, de acordo com Mesquita Nunes, "há, no Partido Socialista quem acredite que o PSD deixou de ter uma vocação maioritária, que deixou de ser um partido capaz de disputar com o PS o título de maior partido português e de conseguir liderar uma maioria de Direita que retire o PS do centro político".
Assim, e com maioria absoluta, aquilo que o PS vai fazer nos próximos anos "é tentar encostar o PSD à Direita - e este é um desafio de Luís Montenegro - é reduzir-lhe o espaço de manobra, com o objetivo de o PS ser o único partido visto pelos portugueses como sendo reformista, sensato, moderado e com sensibilidade social".
As dificuldades de Luís Montenegro, que "entra num ciclo de maioria absoluta" do PS são, para Adolfo Mesquita Nunes, "estar fora do Parlamento", com um "PS ao centro" e "apostado na descredibilização do PSD".
Já Mariana Mortágua, deputada do BE a outra 'protagonista' do 'Linhas Vermelhas', asseverou que "as eleições não tiveram grande história", até porque "não houve grande debate". "Não me parece que o PSD tenha um programa económico alternativo. O PS, na sua estratégia de ocupar o centro, retirou ao PSD esse papel. O PS roubou o discurso ao PSD. O discurso económico do PS é o discurso que o PSD tinha", considerou.
Por esta razão, prosseguiu, "assistimos, nestes últimos tempos, a um PSD desorientado". "O mesmo PSD que, há uns anos, dizia que havia professores a mais agora exige mais professores; o mesmo PSD que falava dos funcionários públicos agora quer aumentar os funcionários públicos...", exemplificou.
"Temos o PSD muito desorientado na sua linha política e económica porque o PS ocupou o espaço do Centro: não só o espaço da política mas o discurso político", afirmou Mortágua. E acrescentou: "O fundo da retórica de Medina é o fundo de 'não podemos viver acima das possibilidades'. Esse é o fundo da política de Direita económica e uma política de Direita que a Geringonça se criou para combater".
De recordar que Luís Montenegro, antigo líder parlamentar do PSD, venceu no sábado as eleições diretas para o cargo de presidente do PSD, com cerca de 72,5% dos votos e em todos os distritos do país, contra Jorge Moreira da Silva, antigo ministro e vice-presidente deste partido, que obteve 27,5%. A abstenção rondou os 40%.
O Congresso do PSD, em que serão eleitos os órgãos nacionais, está marcado para entre 1 e 3 de julho, no Coliseu do Porto.
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