"Paula Rego foi uma grande embaixadora das relações culturais luso-britânicas, irreverente, inovadora e profunda. Goste-se dela ou não, ninguém foi ou será indiferente a Paula Rego e essa é a marca de uma grande artista", afirmou à Agência Lusa.
Também o embaixador de Portugal no Reino Unido, Nuno Brito, declarou, em declarações aos jornalistas, ser "uma tristeza perder uma artista portuguesa com esta qualidade".
"Todos os seres humanos são insubstituíveis, mas ela é insubstituível em particular porque enquanto artista atingiu níveis que muito pouca gente atinge e portanto para nós é uma tristeza", disse.
O diplomata recordou o reconhecimento da portuguesa no Reino Unido, onde a empresa dos correios Royal Mail chegou a emitir uma série limitada de seis selos inspirados em gravuras de Paula Rego, em 2005, e ao receber de várias universidades doutoramentos honoris causa.
Entretanto, o antigo presidente da Comissão Europeia José Manuel Durão Barroso também prestou homenagem à pintora portuguesa na rede social Twitter, onde escreveu que "Paula Rego conquistou a alma humana com tanta sensibilidade e paixão".
"Os seus trabalhos incríveis fazem-nos viajar e mergulhar num reino muito especial. Ela fará falta, mas a sua arte ficará para nos lembrar da incrivelmente talentosa artista portuguesa/britânica", referiu Durão Barroso, que reside no Reino Unido, onde é atualmente administrador do banco Goldman Sachs.
A pintora Paula Rego, uma das mais aclamadas e premiadas artistas portuguesas a nível internacional, morreu na manhã desta quarta-feira, em Londres, aos 87 anos.
"A Dança", "O Anjo", "Mulher Cão", "A Prova", "Guerra", "A Filha do Polícia", "O Tempo - Passado e Presente", o "Tríptico", da série dedicada à temática do aborto, e "Salazar a Vomitar a Pátria" são algumas das mais conhecidas e destacadas pinturas de Paula Rego.
Nascida em 26 de janeiro de 1935, em Lisboa, estudou na estudou nos anos 1960 na Slade School of Art, em Londres, onde se radicou definitivamente após o casamento com o também pintor Victor Wiling, com quem teve três filhos, Nick, Victoria e Caroline.
Foi galardoada, entre outros, com o Prémio Turner em 1989, a Grã-Cruz da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada em 2004 e a Ordem do Império Britânico pela rainha Isabel II em 2010, passando a usar o título de Dama [Dame].
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