Aeroporto? Problemas partidários "estão a transferir-se para o Governo"

Manuela Ferreira Leite acusou, assim, o Governo de "em vez de estar preocupado em resolver os problemas do país", estar a "tentar ver como é que eles se resolvem não pondo em causa os problemas do partido".

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Ema Gil Pires
30/06/2022 23:45 ‧ 30/06/2022 por Ema Gil Pires

Política

Aeroporto

A antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite considerou, esta quinta-feira, num espaço de comentário da CNN Portugal, que na base de toda a crise política governativa resultante do despacho que apresentava uma nova solução aeroportuária para Lisboa estão "problemas de natureza partidária" que estão já a "transferir-se para o Governo".

"Há uma coisa que me parece mais ou menos óbvia. É que, provavelmente, no meio desta má comunicação entre um ministro e um Primeiro-ministro, existem provavelmente problemas de natureza partidária, e esses problemas de natureza partidária, infelizmente e tragicamente para o país, estão a transferir-se para o Governo", considerou a ex-ministra das Finanças.

Manuela Ferreira Leite acusou, assim, o Governo de "em vez de estar preocupado em resolver os problemas do país", estar a "tentar ver como é que eles se resolvem não pondo em causa os problemas do partido".

"Não é só não ter um projeto para o aeroporto, é também não ter um projeto para o pais", argumentou ainda a ex-dirigente social-democrata, no seguimento destas ideias. 

A comentadora da CNN Portugal fez ainda questão de ressalvar que este último dia, desde o anúncio da criação de dois aeroportos - um no Montijo, numa primeira fase, seguido de um segundo em Alcochete, esse sim definitivo - "foi absolutamente emotivo, cheio de emoção". "Porque adormecemos com três aeroportos e acordámos com zero aeroportos", explicou.

"Depois, acordámos com um ministro demitido e hoje vamos adormecer com um Primeiro-ministro absolutamente vencido", concluiu. Questionada acerca desta declaração, Manuela Ferreira Leite constatou ter feito esta afirmação porque "é evidente que o Primeiro-ministro, depois de ter feito aquele comunicado que fez [a revogar o despacho de Pedro Nuno Santos], não tinha outra solução digna de um chefe de Governo senão demitir o ministro", algo que acabaria por não fazer.

Quanto à necessidade, ou não, do Governo discutir essa temática com o principal partido da oposição antes de tomar qualquer decisão, a antiga ministra das Finanças foi clara: "É evidente que tinha de comunicar ao PSD, como princípio elementar da democracia".

Estas declarações surgem na sequência da crise política que, esta quinta-feira, se instalou sobre o Governo. Isto depois de, na quarta-feira, o Ministério das Infraestruturas ter divulgado o seu plano para uma "Ampliação da Capacidade Aeroportuária da Região de Lisboa”.

Esta solução previa, nomeadamente, a criação imediata de um aeroporto complementar ao atualmente existente no Montijo, até 2026, para depois se dar início aos trabalhos de um novo aeroporto em Alcochete, esse sim com capacidade de substituir integralmente o aeroporto Humberto Delgado em 2035.

Porém, o Primeiro-ministro português acabaria, já hoje, por ordenar a revogação desse mesmo despacho, segundo a informação avançada em comunicado enviado às redações. A solução avançada por Pedro Nuno Santos acerca do modelo para um novo aeroporto acabaria, assim, por ser anulada.

Toda esta situação acabaria por deixar algumas dúvidas acerca da permanência do ministro Pedro Nuno Santos no Governo, algo que foi entretanto esclarecido pelo próprio ministro das Infraestruturas. Esta tarde, o responsável por uma das pastas mais mediáticas dos últimos anos informou que se iria manter no cargo, apesar de assumir as "falhas relevantes", da sua "inteira responsabilidade", que estiveram na base de toda esta crise política.

Leia Também: AO MINUTO: Pedro Nuno Santos mantém-se no Governo. Despacho foi revogado

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