Numa reação às declarações do recém-eleito líder do Partido Social Democrata (PSD), Luís Montenegro, que assegurou que nunca associará o partido a "qualquer política xenófoba ou racista", a deputada socialista Isabel Moreira recordou, na segunda-feira, “os marcos terríveis” do responsável em matérias relacionadas com a homofobia, com o racismo e com a xenofobia, apelando a “um homem novo”.
“Montenegro diz que não se associará a qualquer ‘política’ xenófoba ou racista. Espero que isso signifique que não se associará a qualquer partido com ideias xenófobas e racistas”, começou por escrever Isabel Moreira, na sua página do Facebook.
A socialista atirou ainda que “convém que também não admita qualquer ‘política’ homofóbica”, recordando-se de “ver Montenegro ao lado de Isilda Pegado, em 2004, - aquando da revisão constitucional que consagrou a proibição de discriminação com base na orientação sexual - a assinar esta declaração de voto que associava homossexualidade e abuso sexual de menores”, acusou, incluindo o documento na publicação.
E acrescentou: “Espero, sinceramente, que os marcos terríveis de Montenegro em matéria de homofobia - ainda me lembro, também, da vergonha da tentativa de referendar a coadoção - e a ausência total de gestos em matéria de combate ao racismo e outras desigualdades sejam sinal de nada”, apontou, complementando, na rede social Twitter, que não há “nada como associar a homossexualidade ao abuso sexual de menores. Temos memória”, assegurou.
“Venha um homem novo. Mas que o diga”, rematou.
Quando Montenegro assinou com Isilda Pegado e outros esta declaração de voto à revisão constitucional de 2004 que introduziu a proibição de discriminação com base na orientação sexual. Nada como associar a homossexualidade ao abuso sexual de menores . Temos memória . pic.twitter.com/cMG8Y3RM5F
— Isabel Moreira (@IsabelLMMoreira) July 4, 2022
Recorde-se que o novo presidente do PSD assegurou, no discurso de encerramento do 40.º Congresso Nacional do partido, que nunca será o líder de um Governo que quebre os princípios da social-democracia e que associe a "qualquer política xenófoba ou racista", numa declaração implicitamente dirigida ao partido de extrema-direita Chega.
Por sua vez, o deputado do Chega Diogo Pacheco de Amorim rejeitou que Montenegro se tenha referido ao seu partido, considerando ter ouvido o social-democrata "dizer que não tinha linhas nem roxas, nem encarnadas, não tinha linhas", naquilo que classificou como uma tentativa de “ser ambíguo”.
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