O líder parlamentar do Bloco de Esquerda, Pedro Filipe Soares, considerou esta terça-feira, que a "dimensão dos lucros da Galp é claramente obscena" e um "achincalhamento dos sacrifícios que as pessoas estão a ultrapassar".

Como destacado pelo deputado bloquista, "ao longo dos últimos trimestres, as margens de refinação [das empresas do setor dos combustíveis] têm disparado". Aliás, "a própria empresa [Galp] reconhece que triplicou as margens da refinação" no mais recente relatório de contas, destacou o político. 

O líder parlamentar do Bloco de Esquerda deixou, assim, um "desafio" ao Governo: que use os "instrumentos jurídicos que tem" e tome uma "atitude rápida" para combater o que considerou ser um "saque indevido na economia". Isto numa altura em que, "dia após dia", se regista um "abuso nos preços dos combustíveis", ressalvou Pedro Filipe Soares.

"Em nome da justiça fiscal [...], outros países como Itália, Reino Unido e Espanha, têm tributado estes lucros extraordinários para dizer o óbvio: não pode haver, num momento de tantos sacrifícios à economia, às famílias e às empresas, um setor que beneficia destes sacrifícios e que indevidamente apresenta estes lucros", afirmou ainda Pedro Filipe Soares, que pediu assim ao Executivo liderado por António Costa para tomar medidas semelhantes.

O deputado fez ainda questão de reforçar que outros "governos à escala europeia estão a agir para que estes lucros extraordinários não tenham como beneficiário um qualquer investidor, que acaba por ter uma vantagem face ao empobrecimento geral da sociedade".

Perante este um "usufruto indevido das tais condições favoráveis de mercado de uma empresa que é altamente ativa e praticamente monopolista na sua atividade em Portugal", referindo-se à Galp, o líder parlamentar do Bloco de Esquerda acusou ainda o regulador de estar "impávido e sereno perante este abuso sobre o país".

As declarações surgem após a empresa liderada por Andy Brown ter comunicado, nas contas apresentadas na segunda-feira, um lucro de 420 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, uma subida de 153% face a igual período de 2021. Para justificar tais aumentos, a empresa destacou as “condições de mercado favoráveis” e o 'salto' registado, efetivamente, na atividade de refinação.

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