"Espero é que estas eleições sejam mais um passo na consolidação da democracia porque Angola é um país muito importante na definição política do continente e do espaço africano", afirmou Carlos César, em Luanda.
O dirigente socialista integrava um grupo de observadores internacionais que foi recebido hoje por João Lourenço, atual Presidente da República e candidato do MPLA, no poder, às quintas eleições gerais da história política do país.
Em declarações à saída do encontro, o político português assinalou que a democracia é como um edifício em construção, o qual "ainda não tem todas as janelas, e por isso deve ser melhorado e não derrubado", aludindo à necessidade dos angolanos continuarem a construir o seu processo democrático.
"É esse processo que deve avançar, prezando elementos que são muito importantes nas democracias, designadamente a tolerância, a capacidade de viver uns com os outros, a defesa da paz", sublinhou.
"Todos ganham com isso, a guerra não serve a ninguém. Os angolanos sabem muito bem e aprenderam com o seu próprio sofrimento", acrescentou.
Questionado sobre as alegações de fraude de algumas candidaturas, sobretudo em relação à presença de nomes de falecidos nos cadernos eleitorais, o presidente do PS desvalorizou, considerando que nas eleições "votam apenas os presentes".
Os "nossos cadernos eleitorais como países de emigração têm sempre uma desatualização muito grande, mas o que interessa é que no dia das eleições vote quem presencialmente lá está e que, neste dia, tudo corra com transparência, seriedade, com escrutínio da parte de todos", disse.
Assinalando a existência de delegados de lista em todos os lugares e de todas as candidaturas, Carlos César manifestou-se confiante que "qualquer que seja o resultado dessas eleições o povo ficará satisfeito consigo próprio e com a sua democracia".
Várias individualidades e membros de organismos internacionais como a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), da União Africana e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) participaram deste encontro com o líder do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA).
O moçambicano Tomás Salomão, ex-secretário executivo da SADC, destacou, por seu lado, a "forma pacífica" como as pessoas e os partidos políticos "podem expressar a sua vontade, os seus pontos de vista, até discordando com este ou aquele aspeto".
"Isto é significante de que a democracia angolana está a crescer porque existe liberdade", realçou Tomás Salomão, que disse esperar que os angolanos vão às urnas a 24 de agosto e façam opções de forma "madura e consciente".
No mesmo sentido, o antigo Presidente moçambicano Joaquim Chissano, também em Angola para a observação eleitoral, disse estar esperançoso de que as eleições angolanas decorram em ambiente pacífico.
"Só posso fazer um apelo para que o povo venha todo em massa exercer o seu direito para que a festa seja real e ampla para toda a nação angolana. Devem participar para fortalecer essa democracia que construíram com muito custo desde a derrota do fascismo", exortou.
Oito forças políticas, sete partidos e uma coligação, concorrem a estas eleições que vão eleger o Presidente da República, o vice-presidente e os deputados à Assembleia Nacional.
Leia Também: Angola. CNE diz que ficheiro de eleitores teve "bom" na auditoria