Paulo Portas, no seu habitual espaço de análise na TVI, considerou no domingo que o atual presidente Joe "Biden conseguiu salvar a governabilidade dos Estados Unidos", na sequência das eleições intercalares que ocorreram recentemente no país e cujos resultados finais começam já a definir-se.
Nas palavras do comentador, tal conquista foi garantida "mantendo e até alargando, provavelmente, a sua maioria no Senado - que é quem tem de aprovar as nomeações do governo e do [poder] judiciário, aprovar os tratados internacionais, e é o órgão mais poderoso - inclusive, para fazer o julgamento final dos ‘impeachments’".
Considerando que, "no voto popular, Biden teve 46,7% e os republicanos 51,4%", o atual presidente dos Estados Unidos "ganhou, ainda que tenha perdido em votos". "A diferença é de cerca de cinco milhões de votos, mas não é uma diferença superior à que costuma acontecer ao partido do presidente nas eleições de meio do mandato, em que os americanos costumam castigar o partido do presidente", explicou ainda Paulo Portas.
Contas feitas, para Joe "Biden, a eleição saiu melhor do que a encomenda". E, por todas as razões mencionadas, estes resultados eleitorais não deixam de "ser uma lição para as pessoas que tendem a falar de Biden apenas pela sua idade. A verdade é que ele ganhou eleições que outros presidentes mais populares do que ele, alguns mais novos do que ele, perderam", destacou ainda.
O "mais importante" destas eleições intercalares, "do ponto de vista de um europeu", elaborou Paulo Portas, é que foi evitado um "caos político". "E eu não quero um caos político nos Estados Unidos, porque o líder do Ocidente são os Estados Unidos e eu não tenho outro. E a ideia de que o governo dos Estados Unidos ficava paralisado durante dois anos, quando há uma guerra na Europa e uma possibilidade de recessão com a estagnação económica, não era boa ideia", constatou ainda.
Quanto aos resultados da Câmara dos Representantes, Paulo Portas classificou o mesmo de "surpreendente". "Só estão atribuídos 211 mandatos aos republicanos e 204 aos democratas. Mas, face às expectativas, e estando ainda uma vintena de mandatos por atribuir, é muito provável que, no fim da contagem, os resultados para a Câmara dos Representantes, se os republicanos conseguirem ganhar, o que é um pouco mais provável, não será por uma diferença de mais de três ou quatro mandatos. E isso significa, face às expectativas, um resultado manifestamente melhor" para os democratas, explicou ainda.
"O mais importante é que não há um impasse no governo dos Estados Unidos", concluiu Paulo Portas.
As eleições intercalares nos Estados Unidos decorreram em 8 de novembro. De momento, sabe-se já que os democratas mantêm a maioria no Senado norte-americano. Quanto à Câmara dos Representantes, os resultados estão ainda em aberto, com cerca de duas dezenas de lugares por atribuir - ainda que os republicanos sigam na liderança da corrida.
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